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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Portugal: Pessoas deviam reaprender a andar a pé - especialista

Os municípios deviam criar condições para que as pessoas possam andar a pé nas cidades, em vez de investirem em interfaces e em sistemas de transportes, defendeu hoje uma especialista em mobilidade.

“Às vezes mais importante do que fazer grandes apostas em interfaces, em grandes sistemas de transportes, em infraestruturas de transportes públicos, que são importantes mas são o terceiro modo de mobilidade da Europa, é preciso pensar no segundo modo que é andar a pé”, disse a engenheira Paula Teles.

A especialista falava à Lusa por ocasião da décima edição da Semana Europeia da Mobilidade, que decorre de 16 a 22 de setembro.

“Nesta semana da mobilidade e numa altura de crise a minha nota é esta: que os municípios aproveitem as infraestruturas que têm, que façam as pequenas obras que sejam necessárias, como tapar alguns buracos, para que os peões comecem a andar a pé: faz muito bem à carteira, à saúde e à qualidade do ambiente urbano de uma cidade que é extremamente poluída”, disse.

Paula Teles defendeu que as pessoas “têm de aprender a andar a pé e estiveram décadas a aprender a não andar a pé. Tudo era feito e desenhado para ninguém andar a pé”.

“O peão tem de voltar a ser a peça mais importante da cidade. Para isto não chega só falar e fazer campanhas de sensibilização. É preciso fazer pequenas obras de regeneração dos passeios, para que o peão possa sobreviver numa cidade que é catastrófica”, sublinhou.

Entre os municípios que têm trabalhado “muito bem” nesta matéria, Paula Teles destacou as cidades de Penafiel, Vilamoura, Portimão e Viseu, sublinhando que esta última é um bom “exemplo vivo do trabalho que se faz com planeamento”.

Para a engenheira, Viseu é uma “cidade fantástica”, com “espaços para tudo: para peões, para carros e com boas zonas verdes”

“Tem a ver simplesmente com o facto de ter sido uma cidade planeada”, destacou.

A especialista lamentou que “muitos municípios aproveitam a Semana da Mobilidade para fazer política, para mostrar que estão a fazer ações e no resto ano não o façam”.

“É necessário que a Semana seja um estímulo, um catalisador de mudança, para que durante o ano se pratique aquilo de tão bom que se tentou evidenciar”, defendeu.

Fonte Destak

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