Emagrecedores agem de forma diferente no organismo, mas uso abusivo tem riscos equivalentes à saúde, alertam especialistas
A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de banir do mercado os remédios para emagrecer à base de anfetaminas e restringir o uso dos derivados de sibutramina gerou confusão em muita gente sobre os mecanismos de ação, no organismo, das duas classes de medicamento.
Ambos atuam sobre o sistema nervoso central, em uma região do cérebro responsável pelo controle da fome e da saciedade. A principal diferença é que elas emitem mensagens distintas para o organismo. As anfetaminas atuam especificamente no centro da fome, são inibidores de apetite, com potencial estimulante.
"A sibutramina não controla o apetite, apenas promove saciedade. As pessoas que fazem uso desse medicamento comem menos não pela ausência de fome, mas por que se sentem saciadas rapidamente", explica Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
O especialista ainda revela que a sibutramina não tem outra utilidade a não ser o controle da obesidade e a redução de peso. Já as anfetaminas são recorrentemente usadas para outros fins, principalmente por seu potencial estimulante. Na avaliação de Meirelles, o risco das anfetaminas não está relacionado à farmacologia desses medicamentos, mas, sim, à prescrição e ao uso indevido.
“No nosso entender a proibição foi um exagero. São remédios que estão no mercado há mais de trinta anos. Nem todos os pacientes com excesso de peso respondem bem à sibutramina e as anfetaminas sempre foram úteis para esse grupo.”
Na prática médica, a sibutramina aumenta a saciedade e funciona melhor para pacientes compulsivos, enquanto as anfetaminas apresentam bons resultados naqueles que sentem muita fome antes das refeições, explica Maria Edna de Melo, endocrinologista da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.
Segundo a médica, a sibutramina também pode tirar o sono de alguns pacientes e ter efeitos colaterais tão prejudiciais quanto os provocados pelas anfetaminas. O efeito estimulante dos emagrecedores derivados de anfetaminas não é aceitável durante o tratamento. Uma vez apresentado, o medicamento deve ser imediatamente suspenso.
“A dosagem incorreta de ambos pode trazer prejuízos equivalentes. Ela provoca palpitação, aumenta a pressão sanguínea e eleva o risco cardíaco. Como as anfetaminas estão há muitos anos no mercado, os casos de superdosagem desses medicamentos já são mais conhecidos.”
De acordo com a especialista, a sibutramina é um medicamento moderno, muito mais estudado e testado que os demais. É usada inicialmente por apresentar maior segurança no tratamento. As anfetaminas entram em uma segunda fase, quando os pacientes não respondem bem ao medicamento inicial.
“Sem as anfetaminas no mercado, os pacientes não terão outra opção. A resposta e eficácia dependem da carga genética. Alguns reagem bem à sibutramina, outros não.”
Fonte IG
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