Dieta deve ser restrita aos atletas e feita com supervisão médica. Médicos alertam para o risco desse “emagrecimento” rápido
O MMA (Mixed Martial Arts), luta que mistura uma série de artes-marciais, está mais popular do que nunca. Ídolos como Anderson Silva, José Aldo Jr., Maurício Shogun e Júnior Cigano já são reconhecidos e admirados por sua força no octógono do Ultimate Fighting Championship (UFC) – o maior campeonato de MMA do mundo.
Mas bravura mesmo os lutadores têm que demonstrar na semana pré-pesagem. Para atingir o peso e poder se enquadrar em uma determinada categoria, poucos dias antes da luta eles submetem-se a uma dieta rígida e atividades que lembram sessões de tortura.
Quanto mais o dia da pesagem se aproxima, mais restrito fica o cardápio. A refeição principal (muitas vezes a única do dia) é algo como uma xícara de café com dois biscoitos de gergelim; 80 gramas de salada, 200 gramas de macarrão, 200 gramas de salmão sem sal e um suco de limão sem açúcar. Até água destilada os lutadores tomam com o intuito de acelerar o metabolismo.
Como não é apenas a alimentação que ajuda na rápida perda de peso, para eliminar a maior quantidade de líquido possível do organismo, eles turbinam a queima calórica: usam um body sauna - roupa especial que ajuda o lutador a aumentar a temperatura corporal, suar mais e, consequentemente, perder peso – e passam horas em uma sauna ou em banheira quente, suando desesperadamente.
“É praticamente líquido que se perde. Eles quase não têm gordura para queimar”, diz Sérgio “Babu” Gasparelli, técnico especializado em luta de chão, faixa preta de jiu-jitsu.
A “dieta”, que também tem uma versão conhecida como Dolce Diet, idealizada pelo nutricionista esportivo americano Mike Dolce, é famosa por conseguir que lutadores com problemas de peso consigam atingir o índice de sua categoria. “Esse método restringe a ingestão de carboidrato a quase zero e induz a um processo de desidratação do atleta. Mas não é saudável perder 10 kg em uma semana. Para uma pessoa normal, isso pode causar danos irreparáveis”, alerta o endocrinologista e médico do esporte Ronaldo Arkader, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Até para os atletas o médico aponta riscos. “Eles precisam ser bem acompanhados, por fisiologistas e nutricionistas. É essencial estar atento aos níveis de sódio, de potássio, enfim, de eletrólitos de modo geral para não comprometer a saúde”. Desbalanceado, o organismo pode entrar em pane, levando o atleta a ter de tonturas e câimbras a problemas maiores e mais perigosos.
O técnico “Babu” também condena a dieta do UFC. “Minha teoria é que é melhor perder peso aos poucos. Ou seja, fora da luta não deixar o atleta aumentar tanto o peso. Perder 5 kg quando o combate se aproxima, tudo bem. Agora, perder 10, 12 em tão pouco tempo é loucura. É insalubre”.
Para uma pessoa comum, é totalmente desaconselhável. “Ela não aguentaria e nem faz sentido esse sacrifício. Se uma mulher usar o método com a intenção de ficar em forma para colocar o vestido em uma festa, por exemplo, corre o risco de não chegar a essa festa. Câimbra, tontura e desmaio são algumas das consequências”, compara o técnico de MMA.
E no caso dos lutadores, no dia seguinte à pesagem eles praticamente recuperam tudo o que foi perdido. Seria impossível manter o esquema de fome e fraqueza e depois encarar uma luta no octógono.
A dieta é tão delicada que até a volta da comida deve ser gradual. “O alimento passa a ser rejeitado pelo corpo. É preciso reprogramar o organismo”, diz Arkader. “O lutador tem que começar repondo com soro, líquidos e até papinha de nenê, antes de encarar o prato normal”, finaliza “Babu”.
Fonte IG
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