Tratamento que reduz sequelas não pode ser aplicado a quem acorda com sintomas do derrame
Quando um AVC acontece durante o sono, reduz-se as chances de atendimento hospitalar a tempo para o início de um tratamento que possa poupar o cérebro.
“Como o único tratamento disponível para o AVC isquêmico deve ser iniciado poucas horas após o surgimento dos primeiros sintomas, pessoas que acordam com sintomas de AVC geralmente não podem receber o tratamento - por não ser possível determinar quando os sintomas se iniciaram”, disse o Dr. Jason Mackey, da Universidade de Cincinnati, em um boletim da Academia Americana de Neurologia.
“Estudos de imagem estão sendo realizados para nos ajudar a desenvolver melhores métodos de identificar aqueles que possivelmente teriam mais beneficios com o tratamento, mesmo se os sintomas tiveram início durante o sono”, complementou Mackey, um dos autores do estudo publicado na edição de maio do periódico científico Neurology.
A equipe de pesquisa examinou os registros médicos de 1.854 adultos que sofreram um AVC isquêmico em um período de um ano e foram atendidos no pronto socorro de hospitais de Cincinnati. O AVC isquêmico é causado pelo bloqueio da circulação sanguínea no cérebro, geralmente em função de um coágulo.
Os pesquisadores ressaltam que, em 14% dos casos, as pessoas já acordam com os sintomas do AVC. Nos Estados Unidos, este percentual representaria 58.000 pessoas atendidas anualmente no pronto atendimento.
Segundo dados do estudo, das 273 pessoas que sofreram este tipo de AVC, pelo menos 98 poderiam ter sido tratadas com o medicamento tPA – que causa o rompimento do coágulo – se os médicos conseguissem detectar quando o AVC teve início.
“O tPA não é indicado para AVCs que tiveram início há muitos horas, pois pode causar hemorragia e agravar o quadro”, explicou o Dr. Byron K. Lee, professor de medicina e diretor da Clínica-Laboratório de Eletro-fisiologia da Universidade da Califórnia. “Em AVCs que têm início durante o sono, é praticamente impossível saber quando os sintomas começaram a surgir. Por isso o tPA não é uma opção nestes casos e os danos neurológicos têm maiores chances de se tornarem permanentes”.
Se ao acordar, sentimos sintomas estranhos, Lee adverte que não devemos ignorá-los. “Não devemos esperar que falhas neurológicas observadas pela manhã vão passar ao nos sentirmos mais despertos. O médico deve ser contatado imediatamente. Mesmo que o tPA não seja uma opção para AVCs que se iniciam durante o sono, existem diversos outros tratamentos que podem ser aplicados no atendimento emergencial de hospitais”, ele explica.
A Associação Nacional do AVC dos Estados Unidos informa os seguintes sintomas de acidente vascular cerebral:
- Paralisia súbita ou fraqueza no rosto e nos membros, principalmente em apenas um lado do corpo
- Dificuldade súbita de se equilibrar ou caminhar
- Problemas súbitos de visão
- Fala “pastosa”
- Confusão ou problemas súbidos de fala, ou ainda dificuldade em entender frases simples
- Dor de cabeça aguda súbita sem causa aparente
Especialistas oferecem uma forma simples para nos lembrarmos dos sinais que devemos observar em caso de suspeita de AVC: a sigla FAST – do inglês, Face, Arms, Speech, Time (rosto, braços, fala e tempo):
- Face (Rosto): observe se a pessoa consegue sorrir, ou ainda se um dos lados do rosto parece desfalecer
- Arms (Braços): a pessoa consegue levantar os braços, ou um deles tende a descer?
- Speech (Fala): observe se a pessoa consegue falar com clareza ou repetir uma frase simples
- Time (Tempo): ligue imediatamente para o serviço de emergência caso a pessoa apresente algum destes sinais
Fonte IG
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