O governo estuda a inclusão de novas vacinas no programa nacional de imunização infantil ao longo dos próximos cinco anos.
Além da pentavalente, que reúne cinco vacinas já oferecidas em uma só, e de uma outra modalidade de imunização contra a pólio (a ser combinada com a forma em gotinhas), o Ministério da Saúde avalia vacinas contra hepatite A, catapora e HPV.
Estudos de custo-efetividade para as três últimas serão finalizados no próximo mês, o que vai permitir ao governo montar um novo "quebra-cabeças", nas palavras de Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde da pasta.
Os estudos avaliam preço e impacto na saúde pública.
Outra vacina considerada --assim que se tornar disponível-- é contra a dengue.
As mudanças podem começar no ano que vem.
A ideia é, primeiro, liberar espaço de armazenamento e reduzir o número de picadas, com a troca de cinco vacinas individuais pela pentavalente. A redução de doses em geladeiras e de vezes em que a criança é picada pela agulha vai permitir, segundo Barbosa, que outras vacinas sejam encaixadas "na fila".
Catapora e hepatite já são oferecidas pontualmente na rede pública de saúde, para grupos específicos e em casos de surto.
Segundo o secretário, estudos têm sido favoráveis à adoção das duas vacinas, mas o caso não é tão simples na imunização do HPV. Análise feita pelo governo em 2006, quando cada dose da vacina custava US$ 150, foi desfavorável à sua adoção.
Em 2012, será possível comprá-la na versão quadrivalente (que inclui várias versões do vírus) por US$ 14,25, mais taxas, pelo Fundo Rotatório da Opas (braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas).
"O assunto foi discutido com o governo brasileiro há seis meses", disse o assessor do fundo Daniel Rodriguez, durante o Congresso Brasileiro de Epidemiologia, neste mês, em São Paulo.
Pode haver transferência de tecnologia para a produção da vacina no país.
IMPACTO NA SAÚDE
A questão não depende só de preço, afirma Barbosa.
A vacina de HPV é uma forma de prevenir o câncer do colo do útero. Para o secretário, se a vacinação tornasse os exames de papanicolaou dispensáveis, valeria a pena. "Mas isso não foi provado. Incluir uma vacina que não elimina outras ações de prevenção só aumenta o custo."
Para João Sanches, diretor de acesso ao mercado da MSD, empresa que vende a vacina, o papanicolaou deveria ser aliado à imunização.
"Mesmo em países onde o exame preventivo atinge índices elevados de mulheres, o que não é o caso do Brasil, o papanicolau não mudou o curso da ocorrência do câncer do colo do útero", disse.
Para Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o ideal seria ter todas as vacinas, "mas isso não existe no mundo". Diante dos limites orçamentários, diz, são necessárias estratégias para garantir o abastecimento das já oferecidas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Fonte Folhaonline
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