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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Criança recebe veneno durante tratamento em hospital no Paraná

Substância aldicarbe é princípio ativo de um agrotóxico e sua venda é proibida no Estado

Uma criança de três anos foi intoxicada por aldicarbe, princípio ativo de um agrotóxico às vezes utilizado irregularmente como raticida, quando é chamado "chumbinho", ao ser atendida no Centro Médico Municipal de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.

O veneno foi ministrado como se fosse carvão ativado, um dos tratamentos para a intoxicação por naftalina, motivo do internamento. Tão logo percebido o problema, ela foi levada ao Hospital Infantil Waldemar Monastier. "Foi salva porque o hospital fica ao lado, com poucos minutos a mais iria perder a vida", disse o superintendente estadual da Vigilância Sanitária, Sezifredo Paz.

O caso aconteceu no fim de novembro, mas foi divulgado somente agora, após a Vigilância Sanitária receber o resultado dos exames realizados no Instituto de Criminalística de Curitiba, que comprovou tratar-se do aldicarbe. No Paraná, a venda desse produto é proibida, embora seja liberada em alguns Estados.

Entre 2010 e 2011, foram registrados 245 casos de intoxicação no Estado, dos quais dez foram a óbito. Paz disse que está encaminhando um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a proibição de venda seja estendida a todo o País. "É muito tóxico", afirmou.

A criança foi atendida no setor de pediatria do centro médico e, pelo protocolo para desintoxicação por naftalina, após a lavagem gástrica deveria receber o carvão ativado. Mas, entre os frascos desse produto, havia um com o "chumbinho", que lhe foi ministrado. Ao perceberem que a criança piorava, foi conduzida ao Hospital Infantil, que pertence ao Estado, sendo internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ela já está em casa e, de acordo com os médicos, não deve ficar com sequelas.

De acordo com Paz, há uma hipótese em investigação de que o frasco com o "chumbinho" teria sido levado pela mãe de um paciente intoxicado. O frasco encaminhado à Vigilância Sanitária com o produto para análise estava com o rótulo cortado, impossibilitando a identificação. A direção do estabelecimento foi intimada a dar as explicações e instaurou sindicância. O caso foi encaminhado também para a Polícia Civil que investigará a responsabilidade criminal.

Em inspeção no centro médico, terça-feira, a Vigilância Sanitária encontrou outras irregularidades, particularmente em relação à higiene, e interditou o setor de pediatria, lavanderia, central de materiais e posto de enfermagem. A polícia e agentes da Vigilância Sanitária fizeram buscas no comércio de Campo Largo, mas não encontraram o inseticida aldicarbe.

Fonte Estadão

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