O Natal está à porta, um período que se caracteriza pelos excessos alimentares, sem sequer se tentar resistir à gula. Come--se muito, prova-se de tudo um pouco e a falta de moderação prolonga-se durante os dias festivos.
A nutricionista Joana Santos afirma que basta uma pequena alteração na forma como se confeccionam os alimentos para se conseguirem pratos mais saudáveis. Os resultados na saúde são garantidos e os pratos tradicionais não são desvirtuados. Os sabores mantêm-se.
O primeiro conselho da nutricionista está relacionado com o excesso de açúcar. Joana Santos recomenda que se corte na quantidade de açúcar indicado nas receitas de culinária, publicadas nos livros de cozinha ou nas revistas. "A quantidade de açúcar indicada nas receitas, para fazer um bolo, pudim ou outra sobremesa, é um exagero. Pode-se perfeitamente cortar dois terços da quantidade de açúcar indicada que as receitas resultam igualmente boas e saborosas e, muito importante, não são tão prejudiciais à saúde."
Joana Santos dá outro conselho para as indispensáveis rabanadas: "As fatias douradas podem ser feitas no forno em vez de serem fritas. Reduz-se imenso a quantidade de óleo que se ingere, o que é muito importante para quem tem os níveis de colesterol elevados".
O clínico de Medicina Geral Daniel Pinto não proíbe os seus doentes de festejarem o Natal, mas apela a alguns cuidados: "Quem é diabético ou hipertenso tem, por norma, cuidado com aquilo que come. Mas no Natal podem comer uma fatia de bolo-rei ou outro doce. Se comerem, aconselho sempre que façam uma caminhada no dia seguinte para queimarem as calorias que ganharam." Segundo o médico, os doentes não precisam deixar de viver nem de comer. "Nós, médicos, cuidamos dos doentes para que possam apreciar a vida. Só têm de ter alguns cuidados".
O MEU CASO: JOÃO NABAIS
"NÃO COMIA DOCES QUANDO ERA PEQUENO"
João Nabais, de 42 anos, diabético há 30, confessa que hoje lida bem com as tentações gastronómicas no Natal. "Na minha casa não se fazem restrições por eu ser diabético. Nesta época festiva o abuso é sempre maior porque é uma festa do amor, da família", afirma João Nabais. Segundo explica, na mesa de Natal há filhoses, bolo-rei, fatias douradas e outros pratos típicos da quadra. "Há uma maior quantidade de alimentos, o que me leva a ser um consumidor com alguma parcimónia", sublinha João Nabais, diabético do tipo 1, ou seja, insulinodependente. O consumo de doces, mesmo moderado, obriga-o a aumentar as doses de insulina. "Já sei que se comer um pastel de nata tenho de tomar duas doses de insulina, ou seja, tenho de corrigir a quantidade de açúcar que ingiro". João Nabais afirma que "faz parte da educação de um diabético saber a tabela dos hidratos de carbono e a quantidade de insulina que precisa para compensar o que come". João Nabais admite que não faz dieta mas tem alguns cuidados com a alimentação. "Hoje, os tratamentos intensos de insulina são muito próximos daquilo que o pâncreas produz. Há 30 anos a situação era diferente. Lembro-me que, em miúdo, a família não me deixava comer doces no Natal. Era um pesadelo. Havia o medo que tivesse problemas".
PERFIL
João Nabais, 42 anos, é professor de Química Tecnológica na Universidade de Évora. Preside a Federação Internacional da Diabetes para a Região da Europa.
DISCURSO DIRECTO
"MUDAR OS PRATOS NÃO ALTERA O SABOR", Joana Santos, Nutricionista
Correio da Manhã – Como se pode ter uma Consoada saudável e barata?
Joana Santos – O Natal existe uma vez por ano e mesmo quem tem uma doença pode comer um doce ou um frito. Mas não se deve abusar.
– Quais as sugestões para quem tem diabetes, colesterol elevado ou é hipertenso?
– Há doces sem açúcar, os adoçantes são uma alternativa. Há pratos que podem ser feitos no forno em vez de serem fritos, ficam saborosos e muito mais saudáveis. Um conselho: quem é hipertenso deve demolhar bem o bacalhau, para não o comer salgado.
– O sabor dos pratos não difere com estas alterações?
– Não, é uma questão de hábito. Por exemplo, quem tem o colesterol elevado deve fazer o leite creme sem ovos, porque a gema é rica em colesterol mau.
Fonte Correio da Manhã
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