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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Leitora questiona atuação da Anvisa sobre caso de prótese mamária

Já que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirma que não existem relatos de problemas com as próteses mamárias de silicone da marca PIP (Poly Implant Prothese), no Brasil, vamos a um relato de caso: o meu.

Em julho de 2007, coloquei próteses da marca PIP. Tudo correu bem e dentro do esperado. Em meados de 2010, quando comecei a ouvir as notícias sobre a qualidade da prótese, da falência da empresa na França e a possibilidade de ruptura, resolvi fazer uma ultrassonografia mamária, mesmo não sentindo dores ou qualquer outro sintoma de ruptura de próteses.

Para minha surpresa, a prótese esquerda estava rompida. Procurei por outro cirurgião plástico que me recomendou uma ressonância magnética mamária. Nesse exame, foi descoberto uma ruptura intra e extracapsular de prótese mamária esquerda com impregnação por silicone dos linfonodos axilares esquerdos.

Sou médica veterinária e posso dizer que entendo um pouco de medicina. Os linfonodos axilares são considerados satélites, ou seja, são de suma importância no diagnóstico de neoplasias (tumores), principalmente, as mamárias e o linfoma.

Eric Gaillard/Reuters
As próteses da extinta marca PIP foram feitas com silicone industrial, em vez de silicone cirúrgico
As próteses da extinta marca PIP foram feitas com silicone industrial, em vez de silicone cirúrgico

Em três meses, troquei as próteses com um renomado cirurgião paulista. No momento da cirurgia, foi encontrado uma coleção líquida próxima a prótese rompida. Após inúmeros exames/análises microbiológicas, tratava-se de uma coleção líquida de caráter inflamatório. Nada de grave.

Quando descobri a ruptura entrei em contato com a EMI, empresa responsável pela importação e distribuição no Brasil das próteses francesas, e tive a seguinte resposta: "Toda prótese de silicone está sujeita a ruptura. Por isso, só vamos reembolsar o valor da prótese", disse um atendente.

Sim, toda prótese está sujeita a ruptura. Mas, pelo menos por 10 anos, os médicos não recomendam a troca justamente por ser pouco provável essa ruptura. Além disso, a prótese que eu comprei era para ser segura e, teoricamente, não vazar pelo meu organismo.

Depois dessa resposta, procurei pelos meus direitos. Por cerca de um ano, sofri as consequências deste extravasamento para os linfonodos. Eles estavam aumentados, sentia dores a palpação e tinha que passar cerca de sete dias a base de anti-inflamatórios e analgésicos.

Não tenho a quem recorrer. Eu tinha condições financeiras de realizar a troca rapidamente. Mas, e as milhares de mulheres que não têm?

Anvisa, acorde! Há casos de problemas com esta prótese no Brasil. Vocês não se preocupam porque aqui não teve nenhum caso? Então, está aí, o caso que vocês queriam. Mexam-se!

OUTRO LADO
Em relação à carta da leitora Camila Torres da Silva Faldon, publicada no "Painel do Leitor", a Anvisa solicita a publicação da resposta a seguir.

Agradecemos sua manifestação sobre a prótese mamária PIP, porque ajudará a Anvisa na orientação que vem prestando à sociedade sobre possíveis incidentes com esta marca.

De acordo com orientação da Anvisa de abril de 2010, tanto pacientes quanto profissionais de saúde que conheçam incidentes e/ou reações adversas com implantes da marca PIP devem informar o corrido à autoridade sanitária para que esta possa adotar as providências cabíveis ao caso.

A Anvisa não tem como conhecer situações que não lhe sejam relatadas pelos canais de comunicação formais que disponibiliza à sociedade, como o serviço 0800.642.9782 e o seu portal: http://www.anvisa.gov.br/

Esta Agência se coloca à disposição para mais esclarecimentos sobre este tema e recomenda a leitura das informações e dos alertas, em seu endereço eletrônico, sobre os implantes mamários da marca PIP.

Fonte Folhaonline

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