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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mauritânia: Quanto mais gordas, melhor

Enquanto por aqui boa parte das mulheres fecha a boca para entrar no biquíni e fazer bonito no verão, em países como a Mauritânia o excesso de gordura é quase um requisito de beleza para arrumar um bom casamento. Mas nem sempre a receita vale a pena e as candidatas ao altar podem acabar no hospital.

Na região saariana, desde o sul do Marrocos até o rio Senegal, o ideal tradicional de mulher formosa é baseado no excesso e vale tudo para ganhar peso.

Há menos de 30 anos as jovens mauritanas passavam longos períodos em “fazendas de engorda”, onde adotavam uma dieta hipercalórica à base de carnes vermelhas, manteiga e leite de camela, isso até conseguirem a consistência e o peso necessário para atrair um bom marido.

Atualmente, os métodos para ganhar peso são outros e muito mais modernos. Apesar de ninguém comentar em público sobre eles, por ser um tema tabu, a engorda, ou “lebluh”, como se chama no dialeto local, é mais que conhecido pelos habitantes da região.

As jovens mauritanas, por exemplo, se valem de pastilhas e xaropes. Estes produtos são vendidos livremente no mercado e sem necessidade de receita médica. Muitas vezes, as mulheres desta região usam até medicamentos de engorda animal.

Um grande número delas costuma comprar esses remédios, cujos preços são relativamente baixos no país , entre o equivalente a R$ 2 e R$ 6, segundo disse um funcionário de uma farmácia famosa no bairro Carrefour de Nouakchott, a capital do país.

Segundo o homem, estes produtos não apresentam riscos potenciais para a saúde, exceto em casos de alergia.

K.M.M. Salem, de 40 anos, é uma das que acredita que essas drogas são “saudáveis” para as magras: “Aos meus 30 anos tomei esses produtos para combater meu estado doentio, que sofria desde minha infância e que me envergonhava diante das minhas companheiras e dos homens.”

Salem lembrou que as mulheres mauritanas de antigamente recorriam às práticas de obesidade à força para adquirir formas generosas antes da maturidade, coisa que agora ela diz rejeitar categoricamente.

Para ela, há uma diferença entre o corpo de um homem “musculoso e rígido” e o de uma mulher “carnuda e suave”, embora isto seja diferente da obesidade, que para ela é uma doença.

Muntagha Ould Beyah, um vendedor ambulante, de 37 anos, considera as mulheres magras como sinônimo de “miséria e desnutrição”. “Essas mulheres só me dão pena, não desejaria me casar com uma delas”, disparou.

Nem todos concordam. Lalla Aicha, uma estudante de 17 anos e solteira, denuncia o consumo de pastilhas e xaropes. Lalla assegura que “a prática da obesidade química (com remédios), quando apresenta resultados, é a mesma que as práticas medievais de engorda de nossas avós.”

A jovem reconhece que muitos homens da Mauritânia são admiradores de quadris e pernas carnudas, mas, a maioria deles, reprova práticas duvidosas do ponto de vista da saúde.

A ativista social Jadiyetu Mint Mohamdi, integrante do birô executivo da Associação de Mulheres Cabeça de Família na Mauritânia, ressaltou que um grande número delas usa até pastilhas destinadas para gansos.

Além dos riscos que estes remédios podem causar, a própria obesidade já pode acarretar inúmeros problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e reumatismo, lembrou Mohamdi.

Mohamdi também apontou que a persistência dessa mentalidade na sociedade mauritana se deve à deficiente escolarização e reivindicou mais esforços por parte do governo pra contornar essa triste e perigosa realidade.

Esse caminho é longo, já que se trata de mudanças de mentalidades. Afinal de contas, no país é muito conhecido o ditado que “uma mulher vale todo o ouro que cabe no espaço que ela ocupa em uma esteira”, ou seja, coxas maiores, mais ouro.

Fonte Estadão

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