Descobertas na medicina podem ferir a ética médica? |
Procedimento já é usado para diminuir os riscos de aborto. Médicos brasileiros encabeçaram a descoberta
Médicos brasileiros descobriram que um dos métodos de fertilização, empregado em casais com infertilidade masculina, eleva as chances de gestação de meninas.
O trabalho foi apresentado durante o Congresso Europeu de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), realizado em 2011, em Estocolmo, na Suécia.
A técnica, chamada pelos especialistas de super ICSI (injeção intracitoplasmática do espermatozoide morfologicamente selecionado) permite visualizar o espermatozóide com uma resolução de 6600 vezes, e produz embriões com maior probabilidade de estarem geneticamente normais.
“Curiosamente, o procedimento mostrou que a incidência de embriões do sexo feminino também foi expressivamente maior: 64,7% contra 53,8%”, explica Edson Borges, diretor do Fertility, Centro de Fertilização Assistida, em São Paulo, e um dos responsáveis dos pela descoberta.
A Super ICSI aumenta as chances de fecundação, gravidez saudável e diminui o risco de aborto. Segundo o especialista, não há razão cientifica clara que justifique a prevalência de espermatozoides femininos.
O “achado”, como Borges define a descoberta, não fere a ética médica tampouco abre precedentes para que futuros pais decidam previamente o sexo de seus desejados filhos.
“É interessante, surpreendente e desperta para estudar mais e melhor a fisiologia do espermatozóide. Apenas isso.”
A escolha do sexo do bebê só é permitida quando empregada para prevenir a transmissão de doenças genéticas relacionadas ao sexo, como a hemofilia – prevalente em meninos.
“Somente nesses casos se justificaria selecionar embriões do sexo feminino. No geral, porém, tratam-se apenas de possibilidades. Via de regra, o esperma que carrega o cromossomo X resultará numa criança do sexo feminino e o que carrega o cromossomo Y produzirá um menino. Nossa seleção é feita para garantir embriões saudáveis, que podem resultar numa gestação bem-sucedida. Jamais discriminamos o sexo do bebê”, afirma Borges.
Assumpto Iaconelli, ginecologista e especialista em fertilização assistida, prega cautela na utilização da técnica. “Esses dados somados trazem importantes implicações éticas. A técnica IMSI (Super ICSI) não deve ser considerada um procedimento de seleção sexual natural. Portanto, não dever ser procurada ou recusada por pacientes cuja intenção é ter uma criança de um sexo específico.”
Fonte Delas
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