Estudo mostrou que é possível produzir nanomedicamentos capazes de concentrar efeitos terapêuticos diretamente no local do câncer
O primeiro teste clínico com nanopartículas programadas para um tratamento anticâncer mais concentrado e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia teve resultados promissores, segundo estudos publicados nesta quarta-feira nos Estados Unidos.
"Esta técnica pode revolucionar potencialmente o tratamento do câncer", afirmou em entrevista à AFP o doutor Omid Farokhzad, do hospital Brigham and Women de Boston e professor adjunto de medicina da Universidade de Harvard, um dos principais autores do estudo.
O teste clínico de fase 1 foi feito com um pequeno grupo de 17 pacientes que sofriam de diferentes tipos de câncer em estágio avançado. O teste provou ser seguro e produziu efeitos em "praticamente todos os participantes", mas especialmente em seis deles, nos quais os efeitos foram mais destacados.
Neste grupo, uma paciente teve redução do tumor no colo do útero, enquanto outros cinco tiveram seus cânceres (de pâncreas, ânus, cólon, vias biliares e garganta) estabilizados.
Este nanotratamento produziu efeitos favoráveis na luta contra o câncer, inclusive com doses ínfimas de anticancerígenos, que representavam até 20% do que normalmente se prescreve em quimioterapia tradicional por via oral ou em injeções.
"Se tentássemos obter essa concentração em um tratamento convencional, mataríamos o paciente", disse Farokhzad.
Isto se explica pelo fato de que as nanopartículas podem depositar no local exato onde se encontra o tumor concentrações de medicamenos até dez vezes maiores. O princípio ativo usado foi o docetaxel, comercializado com o nome de Taxotere.
Os pesquisadores se disseram animados com os resultados porque as doses foram baixas, o que indica que no futuro os médicos poderiam encontrar uma forma de aplicar a quimioterapia em cânceres, direcionando o medicamento ao próprio tumor e evitando seus efeitos colaterais.
Os resultados foram tema de uma apresentação na conferência anual da Associação Americana de Pesquisas sobre o Câncer, celebrada em Chicago, e foram publicados simultaneamente na versão online da revista médica americana Science Translational Medicine.
A nanopartícula, chamada BIND-014, foi desenvolvida pela companhia BIND Biosciences, com sede em Massachusetts (nordeste). Para Farokhzad este é "o primeiro tratamento deste tipo utilizado em humanos para qualquer tipo de doença".
"A BIND-014 mostrou pela primeira vez que é possível produzir nanomedicamentos programáveis capazes de concentrar efeitos terapêuticos multiplicados diretamente no coração da doença", explicou o doutor Farokhzad.
Mais pesquisas são necessárias antes de determinar se o método é confiável para o uso disseminado em tratamentos de câncer.
Fonte iG
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