Dois médicos e cinco revendedores do produto foram presos em flagrante em ação da Polícia Federal e da Anvisa; 66 profissionais terão de depor
Onze pessoas foram presas ontem por suspeita de envolvimento em uma quadrilha nacional que comercializava toxina botulínica (botox) de origem clandestina. A Operação Narke foi deflagrada pela Polícia Federal em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Sete prisões - de dois médicos que utilizavam a substância em seus pacientes e de cinco revendedores do produto - ocorreram em flagrante nos Estados de Minas, São Paulo, Paraíba e Pernambuco. Outras quatro pessoas, duas delas da capital paulista, tiveram a prisão preventiva decretada, por 30 dias.
Resultado de nove meses de investigação, a operação apontou a venda ilegal da substância usada para tratamentos estéticos e de saúde principalmente no Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe - também alvo das investigações.
O botox sem registro da Anvisa era vendido para distribuidores, clínicas e profissionais de saúde. Doze mandados de busca e apreensão foram cumpridos na rota do botox irregular. Nos oito Estados investigados, 66 médicos e profissionais de saúde foram intimados a depor.
Segundo o delegado Humberto Freire de Barros, coordenador da operação que envolveu 80 policiais no País, enquanto a unidade do botox autorizado pela Anvisa pode custar até R$ 1 mil, o irregular era comercializado por menos da metade do preço - em torno de R$ 400.
Além da aplicação estética, a toxina botulínica é utilizada de forma terapêutica, até mesmo para tratamento de disfunções neurológicas e motoras.
Distribuição. A PF estima que o produto falsificado esteja em circulação no mercado brasileiro há pelo menos cinco anos.
Ainda não se sabe a origem, mas, segundo o delegado, a suspeita é de que venha de fora do País. Os revendedores receberiam o botox via correio e o repassariam para médicos e esteticistas.
Com um revendedor de Campo Grande que está preso foi encontrado material em um depósito, que foi submetido a exames que revelaram "um teor ínfimo ou nulo da toxina botulínica", segundo Barros.
Numa segunda etapa da investigação, a PF vai procurar os pacientes que se submeteram ao tratamento a fim de verificar se apresentaram alguma reação adversa ao produto.
Os nomes dos presos não foram revelados. Eles poderão responder por crimes contra a saúde pública, contrabando e formação de quadrilha. Se condenados, podem cumprir penas variam de 10 a 15 anos de prisão.
Fonte Estadão
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