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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mamografia anual pode dar diagnóstico exagerado

Até um quarto dos casos de câncer de mama diagnosticados por mamografia não se desenvolveriam e não precisariam de tratamento, mostra um estudo da Universidade Harvard (EUA) conduzido com mulheres da Noruega.

Isso acontece porque esse tipo de exame de imagem detecta tumores muito precocemente -incluindo aqueles que levariam muitos anos ou décadas para progredir.

Com isso, até 25% das mulheres que recebem o diagnóstico da doença na Noruega são submetidas a tratamentos contra o câncer, como quimioterapia, sem necessidade.

"Os radiologistas estão sendo treinados para detectar o menor câncer possível. Mas isso leva ao diagnóstico de tumores que não têm sintomas e nem risco de morte", diz o norueguês líder da pesquisa, Mette Kalager.

Kaleguer e colegas, no entanto, não têm sugestões de como deveria ser feito o diagnóstico do câncer de mama.

"Mas nós temos uma obrigação ética de avisar as mulheres que esse fenômeno [o sobrediagnóstico] existe", escreveram os médicos Joann Elmore e Suzanne Fletcher no editorial da revista "Annals of Internal Medicine", onde o estudo foi publicado ontem.

Editoria de arte/Folhapress
EM EXCESSO? Estudo alerta para diagnóstico exagerado de câncer de mama
EM EXCESSO? Estudo alerta para diagnóstico exagerado de câncer de mama

Os olhos não veem
Os pesquisadores compararam dois grupos de norueguesas com câncer de mama de 1996 a 2005. As participantes tinham de 50 a 69 anos -idade em que a mamografia é indicada no país. Um grupo fazia anualmente a mamografia e o outro tinha mulheres que não faziam o exame.

Os pesquisadores notaram um aumento de 15% a 25% no diagnóstico de câncer das mulheres com mamografia.

O exame evita a morte de uma em cada 2.500 mulheres que o realizam. Mas, por outro lado, submete de seis a dez delas a tratamento desnecessário contra câncer.

"Esse estudo gera hipóteses. Mas o resultado não muda as recomendações sobre mamografia", diz o oncologista do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), Max Mano. No Brasil, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) recomenda que o exame anual comece aos 40.

No entanto, de acordo com Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), apenas 50% das brasileiras em idade de risco têm acesso ao exame no país.

"Ainda temos um índice de mortalidade crescente por câncer de mama. Temos de convencer as pacientes a fazerem a mamografia, mesmo correndo o risco de sobrediagnóstico", disse Caleffi.

"Pela biópsia dá para ter uma ideia de se o tumor vai se desenvolver em dias ou em anos. Mas o tumor pode agir de maneira diferente do esperado", diz Max Mano.

O debate acerca do excesso de diagnóstico não é novo e nem exclusivo do câncer de mama. No ano passado, um grupo britânico constatou o sobrediagnóstico de câncer de próstata naquele país.

Fonte Folhaonline

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