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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Indústria revê estratégia em prol de avanços científicos

Você quer contribuir para o futuro da medicina e ter US$ 10 milhões no bolso? Invente um “tricorder”. O aparelho do universo ficcional de Star Trek ficou famoso nas mãos do personagem Dr. McCoy que o usava para diagnosticar humanos e seres interplanetários, fazendo uma varredura completa, exibindo resultados e guardando dados.

Quem dará o prêmio para o inventor é a empresa de tecnologia Qualcomm e o andamento do concurso pode ser conferido no site http://www.qualcommtricorderxprize.org/. Essa é só uma amostra de como o futuro da medicina se aproxima da ficção. Ou, pelo menos daquilo que achávamos que era ficção.

Tricorders, por exemplo, já estiveram em estudos em diversos centros pelo mundo. Ainda não chegam perto dos utilizados no seriado Star Trek.

Em compensação, estamos muito perto de outros avanços que nos acostumamos a ver na ficção científica. Já temos olhos e membros biônicos, exoesqueleto, chips implantados no corpo, uso da nanotecnologia, fazendas e impressoras de órgãos para transplante e os estudos para a medicina celular estão bem avançados.

Escolha seu enredo de ficção preferido: Star Trek, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Eureka ou Gatacca. O máximo que pode ocorrer é você errar detalhes do que a medicina irá nos proporcionar. A mudança é grande e rápida. “Hoje um especialista em cirurgia está sendo formado nas faculdades para ser bem próximo de um geneticista molecular”, exemplifica o professor da Unesp e diretor do Hospital das Clínicas de Botucatu, Juan Carlos Llanos.

Ele que é um cirurgião entusiasmado e estudioso das novidades tecnológicas, já começa a ver o cenário futuro do fornecimento de órgãos para transplante. Atualmente, criar órgãos em laboratório e impressoras de órgãos estão na pauta de discussões. “Os estudos para transplantes de pâncreas cultivando moléculas e não o órgão inteiro, por exemplo, só não viraram realidade porque faltam doadores, mas a tecnologia está avançando”, diz Llanos. Atualmente a técnica consiste em separar as células essenciais, chamadas ilhotas. Mas há alguma perda hoje. “Isso pode ser revertida com o avanço tecnológico”, explica.

O futuro médico deverá estar muito mais próximo dessas questões científicas, aconselham os especialistas. “Não basta saber mexer em redes sociais e tablets, o que a tecnologia médica exige para o futuro é uma compreensão dos avanços científicos, que nesse ramo estão muito próximos do uso no dia a dia”, alerta o professosr da Unifesp e presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Rubens Belfort Junior.

Ele é um fã das técnicas de regeneração de tecido que estão em estudo pelo mundo e um crítico do conceito de “Geração Y” ser completamente sábia e conectada. “Nas minhas aulas eu vejo alunos que sabem mexer nas redes sociais, mas não sabem a diferença entre os olhos ciborgues que estão sendo criados na Austrália e na Alemanha”, comenta. Para ele, isso é essencial, porque viveremos no mundo no qual o marketing e o noticiário do espetáculo serão desafios para o bom senso do profissional médico. “Ele deverá saber o que será benéfico para o paciente no meio desses avanços e o que será somente algo pontual com muita divulgação”, diz.

Para Belfort, os indícios de que a medicina está mudando já estão no mercado. A associação tem promovido um piloto para os médicos fazerem diagnóstico remotamente com pacientes tirando uma foto do fundo do olho com um celular. E essa facilidade dos dispositivos móveis, redes conectadas e aplicativos específicos serão comuns nos próximos anos. “Vários diagnósticos desse tipo devem surgir e é até difícil prever”, comenta.

Outro avanço que parece certo é a sofisticação dos exames impulsionada pelas descobertas sobre o genoma humano. A fornecedora de produtos médicos B. Braun recentemente adquiriu 20% de participação na CeGaT, de diagnóstico genético. A empresa de biotecnologia tem soluções para o sequenciamento simultâneo de todos os genes associados a uma determinada doença a fim de esclarecer a causa genética e fornecer uma avaliação.Essa é uma das apostas da B. Braun para o futuro.

“Não seria impossível pensar no fim de doenças crônicas a partir da próxima década”, aponta o diretor de Scientific Affairs da companhia, Carlos Maurício. Para ele, o sequenciamento do genoma humano ainda trará muita inovação na medicina e só estamos vivendo o início de toda essa revolução. A B. Braun também aposta no futuro da regeneração de tecidos humanos. “Hoje é mais fácil reconstruir cartilagem para ortopedia, mas os próximos anos trarão avanços em outros tipos de tecidos para transplantes”, diz.

Mas, para Maurício, a revolução mais visível será a mistura da medicina com o constante uso de tecnologia nas redes de comunicação. “Sensores em celulares ou qualquer outro objeto de uso comum, como um vaso sanitário, poderão fazer exames e enviar informações a médicos com acesso ao prontuário de pacientes em banco de dados”, prevê.

Com todo esse futuro promissor, o papel do profissional de saúde pode mudar radicalmente. Além dele ter mais formação científica e trabalhar a nível molecular, ele deverá virar alguém que aconselhará a melhor técnica de cura em meio a tantas novidades. “Os médicos deverão se tornar mais humanos para aconselhar o paciente nesse mundo cheio de tecnologia e soluções com chips e metalizadas”, alerta o professor da Unesp, Juan Carlos Llanos.

Fonte SaudeWeb

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