Com crianças, ênfase é na postura, não na respiração Foto: Lauro Alves / Agencia RBS |
Enquanto as tecnologias da informação e os jogos digitais tratam de acelerar
a velocidade da infância e fazer com que as crianças estejam, desde cedo,
antenadas em tudo o que ocorre ao redor, há quem trilhe um caminho alternativo.
Na tentativa de acalmar a mente, esticar o corpo e, com isso, propagar valores
de paz, amor e humanidade, professores de ioga espalham, entre crianças da
Capital, ensinamentos da cultura oriental.
É o caso do carioca Fabrício Labre. Morando em Porto Alegre há cinco anos,
ensina ioga aos alunos da Escola Neohumanista Ananda Marga, na Restinga, e
outras cinco escolas da Capital, sendo uma na zona norte, próximo à Avenida Nilo
Peçanha. Instrutor de turmas com crianças de cinco a 12 anos, Labre conta que a
aceitação entre o público infantil costuma ser muito grande. Os momentos em que
estão juntos servem para "parar e ver a vida de fora".
— As crianças ficam mais calmas, desenvolvem flexibilidade, elasticidade e
fortalecem o sistema imunológico — explica ele.
Na escola Ananda Marga, os praticantes mirins de ioga pareciam pequenos
budas. Ao chegarem à sala de aula, tiraram os sapatos, deram bom dia ao
professor e foram, um por um, pegando os colchonetes. Não demorou mais do que
cinco minutos até que se acomodassem em seus lugares e entrassem na vibração dos
mantras entoados na sala. Para a pouca idade que tinham, demonstraram muita
concentração e bastante intimidade com a prática. As posições solicitadas pelo
professor eram rapidamente desempenhadas, e as músicas que ele cantava, com
apoio do violão, eram seguidas em coro.
No momento final, massagem, meditação e silêncio em posição de lótus fizeram
com que eles saíssem ainda mais tranquilos.
— A gente chega meio agitado e sai daqui se sentindo bem calminho — conta a
aluna Laís Yaritza, 12 anos.
O professor diz que domar a energia dos pitocos é fácil, porque a maioria
começa muito cedo, por volta dos três anos.
Engana-se quem acha que uma aula de ioga para crianças inclui apenas
meditação e as tradicionais posições (ou "ássanas"). Para atrair a atenção dos
baixinhos, Labre usa estratégias como brincadeiras, massagens e posturas que
levam nomes de animais e elementos da natureza, como montanha, saudação ao sol,
gato que esconde, cachorro, coelho, estrela, entre outros.
Vinda de Taiwan, a monja Didi Ananda Sushiila rodou parte do sul asiático e
da América Latina para ensinar ioga para crianças. Atualmente em Porto Alegre,
dedica-se ao treinamento de multiplicadores e faz cursos de formação para
professores. Didi explica que, entre os diferenciais da prática infantil, está o
tempo de meditação, que não deve ultrapassar 10 minutos. Outra adaptação é a
ênfase postural em vez de respiratória.
Fonte Zero Hora
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