Todos os anos surgem cerca de 400 novos casos, a maioria mulheres, de cancro da tiróide em Portugal. Apesar de representar apenas um por cento de todas as doenças malignas, a sua incidência está a aumentar.
Estima-se que cerca de cinco por cento da população sofra de alterações da função tiroideia, e outros tantos apresentem nódulos tiroideus, dos quais dez por cento poderão ser malignos. No seu conjunto, as doenças da tiróide afectam um milhão de portugueses.
"O carcinoma papilar da tiróide, que é o cancro da tiróide mais frequente, está a aumentar em Portugal, assim como em outros países desenvolvidos. Tal pode dever-se a factores ambientais, como uma maior exposição a radiações, mas relaciona-se, sobretudo, com uma maior acuidade e sensibilidade dos meios auxiliares de diagnóstico que possibilitam a descoberta precoce de tumores de volume reduzido", defende Maria João Oliveira, endocrinologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.
Segundo a especialista, "as doenças da tiróide podem consistir em alterações da sua função (libertação de hormonas), alterações da sua morfologia (bócio ou nódulos), doenças auto-imunes ou doenças malignas (cancro da tiróide)". No entanto, sofrer de disfunções da tiróide não pode ser entendido como sinónimo de cancro. "As disfunções da tiróide não evoluem para cancro. O cancro da tiróide pode coexistir num indivíduo com hipotiroidismo e bastante mais raramente no hipertiroidismo", esclarece.
Este tipo de doenças é, regra geral, tratável. Contudo, quando não diagnosticado e tratado convenientemente, pode ter consequências graves, já que afecta o batimento cardíaco, o nível do colesterol, o peso, a força muscular, a memória, os estados de humor, a pressão arterial e o funcionamento intestinal.
Exame determina extracção da glândula
Se os exames (ecografia, radiografia, gamagrafia, termografia) confirmarem a suspeita ou não forem claros, o médico opta pela extracção cirúrgica da tiróide (tiroidectomia). A extracção total ou parcial da glândula depende do tipo e da extensão do cancro.
"Consigo ter uma vida normal"
Corria o ano de 1996 quando uma ecografia de rotina pôs a descoberto um nódulo na tiróide de Paula Ferreira. Praticamente sem sintomas e com um historial de bócio, a administrativa, residente em Águas Santas, Maia, foi encaminhada para uma consulta de endocrinologia, no Hospital de Matosinhos, onde após a realização de uma biópsia, foi sujeita a uma cirurgia para remoção do nódulo.
"Como se verificou que era um carcinoma mais agressivo que o habitual, que já se estendia para fora da tiróide, fiz mais duas cirurgias e três sessões de iodo radioactivo para combater a metastização cervical e pulmonar. Desde então tomo diariamente medicação à base de hormona tiroidia para substituir a tiróide removida na cirurgia", revela Paula Ferreira, de 44 anos. "Hoje, com a ajuda médica e apoio familiar, consigo fazer uma vida normal."
Fonte Correio da Manhã
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