Brasília - O Conselho Federal de Medicina (CFM) avaliou como positivo o novo
modelo de abertura de cursos de medicina anunciado ontem (5) pelo Ministério
da Educação (MEC). “Vejo [o novo modelo] como uma notícia boa, porque de agora
em diante vai haver abertura [de cursos de medicina] por interesse do governo,
não mais por interesses políticos ou meramente econômicos de algum grupo de
donos de escolas,”disse o presidente do conselho, Roberto d’Ávila. "O estado passa agora a
assumir as rédeas”, acrescentou.
A partir de agora, o ministério é quem vai definir o número de vagas e os
municípios onde os cursos serão abertos com o objetivo de estimular a formação e
fixação de médicos em regiões onde a presença desses profissionais é escassa.
Atualmente, as instituições federais e particulares apresentam uma proposta ao
MEC para a abertura de cursos ou ampliação de vagas, que precisa do aval da
pasta. Com o novo método, o ministério vai lançar editais oferecendo vagas em
cidades indicadas e as instituições interessadas irão participar de uma
seleção.
No entanto, o CFM aponta preocupação quanto à qualidade do corpo docente em
locais de difícil fixação de médicos e defende a oferta de bons salários para
atrair os professores.
O novo modelo prevê que as faculdades e universidades terão de oferecer
residências médicas em especialidades definidas como prioritárias para a região.
Apesar de considerar importante, o conselho aponta que a exigência não é
suficiente para resolver a curto prazo a desigualdade de distribuição de médicos
no Brasil e defende a criação de uma carreira de Estado, nos moldes da dos
magistrados, em que o médico começaria atendendo em cidades de difícil
provimento e conforme fosse progredindo passasse a trabalhar nas grandes
cidades. Para a entidade, o número de médicos no país é suficiente, porém os
profissionais estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
Para o Ministério da Saúde, o número de médicos por habitante ainda é baixo.
“O Brasil tem poucos médicos por habitante comparado com o mundo. Nós temos 1,8
médico por mil habitantes. A Argentina tem mais de três, Espanha e Portugal mais
de 3,5”, disse o ministro Alexandre Padilha.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) também se
posicionou favorável à nova política, mas alerta ser necessário oferecer
condições para a instalação das faculdades. Em nota, a entidade aponta a oferta
de incentivos para atrair os alunos, como bolsas, e para fixar os docentes no
interior e áreas de díficil acesso, que são pouco atrativas.
Fonte Agência Brasil
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