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Layane, que na foto estaria no sétimo mês de gravidez
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A ajudante de cozinha Layane Cardoso Santos, de 19 anos, tomou um susto ao acordar da cesariana a que foi submetida no dia 26 de dezembro do ano passado na Santa Casa de Mauá, na Grande São Paulo: cercada pela família, ela recebeu a notícia do próprio marido, o serralheiro Lourival Alves Júnior, de 28 anos, de que sua gravidez tinha sido psicológica.
Segurando os exames que comprovariam sua gravidez, o casal acusa a Santa Casa de desaparecer com a criança, uma menina que receberia o nome de Sofia.
Layane procurou o hospital depois de sentir fortes dores abdominais e apresentar sangramento. Ela chegou no início da tarde, fez o cardiotoco (um exame que mede a frequência cardíaca do bebê) e teria sido orientada a voltar mais tarde porque ainda não havia dilatação.
O casal retornou às 18h acompanhado da família. Antes de subir para o quarto, Layane avisou a equipe médica que o pai da criança gostaria de acompanhar o parto, mas ele não foi chamado. Ele conta que só foi recebido na sala de cirurgia depois do procedimento: “O médico mostrou o útero vazio e disse que não havia bebê. Que a gravidez foi psicológica”.
Layane afirmou que não ouviu o choro do bebê porque, logo depois da anestesia, ela perdeu os sentidos e só acordou no quarto com a notícia do marido. “Quando ele me contou, entrei em desespero. Comecei a chorar, perguntei do médico, eu queria falar com ele porque tinha entrado para ganhar bebê e estava saindo sem ele“.
Gravidez psicológica
Segundo a obstetra da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Sylvia da Cunha Cavalcanti, uma gravidez psicológica ocorre quando a paciente “tem muita vontade de ter um filho”. “Isso pode provocar a interrupção da menstruação em razão da mudança hormonal. Ela vai sentir enjoo, vômito, sonolência, apetite exagerado. Toda a fantasia que ela já leu sobre a gravidez”, diz.
A especialista diz, no entanto, que ao receber a notícia de que pode estar psicologicamente grávida, a paciente “desaparece” e se recusa a fazer os exames necessários porque “inconscientemente sabe que não está grávida”.
De acordo com o chefe de obstetrícia do hospital Ipiranga, em São Paulo, Armindo Hueb, basta um ultrassom a partir da sexta semana de gravidez para comprovar uma gestação. “Com cinco semanas vemos um saco gestacional. A partir da sexta semana, já é possível ver o feto e ter 100% de certeza quanto à gravidez.”
Tivemos acesso aos originais do cartão de pré-natal e a dois ultrassons feitos já no final da gestação de Layane. O ultrassom do dia 17 de dezembro, nove dias antes do parto, mostra que, na 37ª semana de gravidez, o bebê estava pesando 3,4 quilos e medindo 42 centímetros. No cartão do pré-natal, leem-se os batimentos da criança (140 batimentos por minuto).
No documento, também constam nove consultas: a primeira ocorreu no dia 20 de junho e a última no dia do parto, dia 26 de dezembro. Embora esteja proibido pela UBS de falar com o iG, o médico responsável pelo pré-natal, Uesley Lima, teria garantido para Layane que será sua testemunha em um possível processo judicial.
Ao iG, a Santa Casa enviou nota afirmando que Layane chegou ao hospital “com quadro de sangramento vaginal e dor abdominal, necessitando de atendimento de urgência. O médico obstetra, constatando o fato, diagnosticou como quadro de abdome agudo com provável hipótese de descolamento prematuro de placenta. Devido à gravidade da situação, a paciente foi encaminhada imediatamente ao centro cirúrgico para laparotomia exploradora onde não se identificou sinais de gravidez”.
O texto diz ainda que “para cabal constatação foram realizados exames complementares como ultrassom, betaHCG e radiografia abdominal com todos os resultados comprovando a inexistência de gravidez” e que “a Santa Casa de Mauá [...] se reserva o direito de somente apresentar tais exames e seus resultados no momento oportuno”.
A advogada do casal, Leila Salomão, pretende protocolar na Vara Criminal de Mauá um pedido de busca e apreensão desses documentos. “Essa demora pode comprometer as provas. Até agora, a Layane não foi examinada pelo Instituto Médico Legal (IML) porque eles pedem esses documentos, e o corpo sofre modificação com o passar do tempo”.
Gravidez
Quando soube da gravidez, o casal alugou uma casa maior e diz ter gasto R$ 5.800,00 para decorar o quarto e comprar os móveis e roupas da Sofia. Layane diz que perdeu as esperanças de encontrar a filha, mas insiste em saber o que foi que aconteceu:
“Eu jamais penso que uma criança de quatro quilos se perdeu em sangue. Eu acho que eles sumiram ou o bebê morreu na hora do parto e eles não quiserem falar para a gente o que aconteceu. Sumir de uma hora para outra? Não pode sumir.”
Fonte iG
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