Testes em ratos indicam existência de níveis de plasticidade cerebral inexplorados que podem ajudar humanos vítimas de derrame
Pesquisadores da Johns Hopkins University, nos EUA, descobriram que ratos submetidos a um treinamento que "reestrutura" uma parte diferente do cérebro podem se recuperar fisicamente de derrames debilitantes que danificam o córtex motor primário, região do cérebro que controla o movimento do corpo.
Os resultados do estudo, publicados na revista Stroke, sugerem que existem soluções físicas e farmacológicas para seres humanos vítimas de derrame.
"Apesar de todas as nossas terapias aprovadas, pacientes com Acidente vascular Cerebral (AVC) ainda têm uma alta probabilidade de acabar com sequelas. Esta pesquisa nos dá a oportunidade de testar o treinamento físico e farmacológico para incentivar a recuperação da função, e deve impactar o atendimento dos pacientes", afirma o líder do estudo Steven R. Zeiler.
Zeiler e seus colegas primeiro treinaram ratos normais e famintos a alcançarem e agarrarem comida de uma forma precisa que evitou derramar as partes e deu-lhes essas partes como recompensa. A tarefa era difícil de dominar, segundo os pesquisadores, mas os ratos atingiram o máximo de precisão, depois de sete a nove dias de treinamento.
Em seguida, os pesquisadores criaram pequenos acidentes vasculares cerebrais experimentais que deixaram os ratos com lesões no córtex motor primário. Previsivelmente, a precisão para alcançar e agarrar o alimento desapareceu. No entanto, uma semana de reciclagem, que começou apenas 48 horas após o AVC, levou os ratos a novamente realizar com sucesso a tarefa com um grau de precisão comparável ao de antes do derrame.
Estudos cerebrais posteriores mostraram que, apesar de muitas células nervosas no córtex motor primário terem sido permanentemente danificadas pelo derrame, uma parte diferente do cérebro chamada córtex pré-motor medial se adaptou para controlar o alcance da comida.
De acordo com Zeiler, a função do córtex pré-motor medial não é bem compreendida, mas, neste caso, parece que ele assumiu as funções associadas com a tarefa da região danificada.
Os pesquisadores também relataram que os ratos saudáveis treinados para alcançar e agarrar o alimento não perdem essa habilidade depois de experimentar um acidente vascular cerebral no córtex pré-motor medial, o que sugere que esta parte do cérebro normalmente não desempenha nenhum papel nessas atividades.
A equipe acredita que os resultados sugerem a existência de níveis de plasticidade cerebral inexplorados que podem ajudar humanos vítimas de derrame.
Os próximos passos da equipe de pesquisa com o modelo de rato incluem avaliar o efeito de drogas e o tempo de reabilitação física na recuperação a longo prazo. A pesquisa pode oferecer insights sobre se os seres humanos devem receber reabilitação mais precoce e agressiva.
Fonte isaude.net
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