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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Intolerância à lactose quase mata criança após imprudência de hospital em SP

Hospital Metropolitano, na Lapa
Hospital Metropolitano, na zona oeste de São Paulo, serviu leite a criança de quase 4 anos, que ficou quatro dias na UTI
 
A Polícia Civil de São Paulo prepara a abertura de um inquérito para investigar a denúncia de um casal que responsabiliza o hospital Metropolitano, na Lapa, na zona oeste de São Paulo, por uma imprudência que quase matou uma criança de 3 anos e 11 meses.
 
O menino H.O.R foi internado no dia 23 de novembro do ano passado depois de uma crise aguda de bronquite. Ao dar entrada no hospital, a mãe da criança, a comerciante Elizangela Oliveira Moura, de 35 anos, passou por uma entrevista com a nutricionista do Metropolitano, que teria sido alertada sobre a rara doença da criança, que pode até morrer se consumir leite ou algum de seus derivados.
 
Elizangela conta que já no primeiro dia de internação o lanche do filho veio recheado com queijo. “Mas eu vi antes que meu filho comesse. Minha sogra avisou as enfermeiras e alertou que ele tem tolerância zero à lactose”.
 
Mas por volta das 9h45 do dia seguinte, enquanto trocava o canal da TV no quarto de internação, Elizangela reparou que o líquido na mamadeira recém servida à criança era mais claro do que o leite de soja recomendado pelos médicos.
 
“Eu larguei o controle remoto e fui experimentar a mamadeira. Era leite!”, diz a mãe, que correu com o menino para o chuveiro após ele começar a vomitar sobre a cama. “Ele já tinha bebido metade. Eu pedi ajuda à enfermeira aos gritos. Ela chamou o médico responsável pela pediatria que, ao ver o estado do menino, correu com ele para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] infantil. Ficamos 25 minutos sem nenhuma informação”, conta Elizangela. “Depois de confirmada a gravidade do caso, só voltaram a falar com a gente duas horas depois.”
 
H.O.R. só deixou a unidade intensiva no dia 28. A cópia do prontuário médico, a que o casal teve acesso depois de pagar R$ 38, mostra que a criança sofreu "choque anafilático aparentemente após ter ingerido lactose". O texto admite ainda que "no prontuário e na prescrição é relatada tal alergia".
 
Logo depois da alta médica, o pai de H.O.R., Anderson Rodrigues de Almeida, de 35 anos, foi ao Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito. O laudo preliminar foi encaminhado para o 7º DP da Lapa. Na última quarta-feira (6), Almeida voltou à delegacia para abrir uma representação que dará origem ao inquérito que investigará o caso.
 
Segundo os investigadores, a equipe médica será interrogada logo depois que o laudo definitivo do IML chegar à delegacia.
 
Ainda em novembro, o hospital Metropolitano chamou o casal para dizer que abriu uma sindicância interna para apurar a responsabilidade pelo erro. Questionado pela reportagem sobre o resultado dessa sindicância, o hospital enviou a seguinte resposta:
 
“O Hospital Metropolitano esclarece que todas as informações e condutas adotadas referentes ao caso foram repassadas para os familiares responsáveis pelo menor. A instituição reitera que tem como premissa garantir, junto aos pacientes, a excelência na qualidade de atendimento que é característica do Metropolitano”.
 
Rejeição à lactose
O presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) em São Paulo, Clóvis Eduardo Galvão, explica  que o portador desse tipo de alergia apresenta reação a três proteínas do leite: Caseina, Alfa Lactoalbumina e Beta Lactoglobolina. “Se alguém acabou de tomar leite e der um beijo no rosto de alguém com essa doença, a pele dessa pessoa fica imediatamente irritada”, explica.
 
De acordo com ele, 3% da população tem alergia a algum alimento: o leite é o maior deles, seguido por ovo, amendoim e soja. Mas nem toda reação alérgica ao leite é tão grave. “Algumas pessoas não produzem um tipo de enzima que digere o leite, o que pode causar diarreia e coceira do corpo.”
 
No caso de H.O.R., a alergia toma conta de “todo o organismo, causando desde o fechamento do brônquio até a obstrução da traqueia”.
 
Galvão afirma que o diagnóstico costuma ocorrer antes do primeiro ano de vida, logo depois que a criança para de amamentar.
 
Elizangela lembra como foi que descobriu que H.O.R. era sensível ao leite: “Minha filha Yasmim (7) estava tomando iogurte. Meu filho, então com seis meses, experimentou um pouco. Ele ficou todo vermelho. Como eu desconfiei do iogurte, molhei os lábios dele com um pouco de leite e mais uma vez houve irritação”.
 
A dieta para casos como esse precisa ser rigorosa. O especialista recomenda que a primeira opção é servir leite “extensamente hidrolizado, uma modificação química na proteína do leite para deixá-lo menos alérgico”. Para os casos mais graves, “prescreve-se alguns aminoácidos. Após seis meses substitui-se pelo leite de soja”.
 
Fonte iG

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