NYT / Handout via UC Davis
Olho biônico: implante ajudar a restaurar parte da visão perdida
com a degeneração macular relacionada à idade
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Avanços na tecnologia médica têm ajudado os seres humanos a viver mais tempo. Agora, os cientistas estão explorando maneiras de reparar, reformar ou substituir órgãos humanos danificados por doenças crônicas, lesões traumáticas, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, ou apenas pelo envelhecimento normal.
“A medicina está salvando pessoas que anteriormente não era capaz de salvar”, diz Doris A. Taylor, diretora de pesquisa sobre medicina regenerativa no Instituto do Coração do Texas, em Houston (EUA). Mesmo assim, a demanda por doadores de órgãos excede o número disponível.
“Todos os anos milhares de pessoas morrem enquanto aguardam um órgão”, diz Taylor.
Essa lacuna na oferta e demanda é um dos fatores que levaram os pesquisadores a desenvolver tratamentos cada vez mais inovadores, que por vezes soam como ficção científica trazida à vida real.
Veja a seguir alguns tratamentos reparadores que já estão em uso, que ainda estão sendo testados em humanos e o que os cientistas estão pesquisando para transformar em realidade no futuro.
Visão
Os cirurgiões já conseguem implantar um pequeno telescópio dentro do olho, para ajudar a restaurar um pouco da visão perdida no estágio avançado da degeneração macular relacionada à idade (AMD), uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo e é a principal causa de cegueira em adultos de 60 anos ou mais.
O dispositivo foi aprovado em 2010 pela agência americana de controle de alimentos e medicamentos, a FDA, é implantada por meio de um procedimento ambulatorial de uma hora de duração com o uso de anestesia local. Após o implante, o paciente precisa passar por um período de adaptação de um mês com um terapeuta ocupacional, explica Mark Mannis, diretor do Centro de Olhos da Universidade da Califórnia.
“O implante realmente exige que o paciente enxergue de outra forma, assim como uma pessoa que perde um membro inferior e, em seguida, recebe uma prótese, precisa aprender a andar de uma maneira nova.”
Neste caso, o paciente aprende a usar um olho – o com o implante – para visão detalhada e o outro para a visão periférica.
Medicina regenerativa
Como diretor do Instituto Wake Forest para Medicina Regenerativa, em Winston-Salem (Carolina do Norte), Anthony Atala está pesquisando tratamentos para reparar ou restaurar – ou ainda “regenerar” – tecidos e órgãos danificados usando o potencial de cura das células do próprio paciente.
Isso pode significar um “reforço” de cura por meio da injecção direta de células-tronco, ou pelo implante de tecidos ou órgãos que tenham sido criados em laboratório a partir de bio-engenharia feita com células-tronco colhidas do paciente, uma estratégia que minimiza o risco de rejeição de tecidos ou órgãos.
“Estamos trabalhando com cerca de 30 diferentes tecidos e órgãos”, conta Atala. Um bom número de implantes já foi testado com sucesso em seres humanos, incluindo cartilagem do joelho, pele, vasos sanguíneos, uretra, traqueia e bexiga. Estudos clínicos já estão em andamento para tratar a incontinência urinária por meio da implantação de células para aumentar a funcionalidade da válvula urinária e, assim, manter os pacientes secos.
Atala diz: “O futuro está focado em garantir que estas tecnologias possam chegar ao maior número de pacientes e de condições possível.”
“Impressão” de partes do corpo
No laboratório de Atala e em outros centros de pesquisa de medicina regenerativa, a impressão 3-D é outra estratégia experimental utilizada para a construção de partes do corpo e órgãos bio-artificiais.
“Nós imprimimos pele, lóbulos da orelha e partes do nariz e de rins”, diz ele.
“Você vai colocando as células uma camada de cada vez, e posicionando-as exatamente onde elas devem ficar”, personalizando as diferentes camadas para dar a forma necessária, explica ele.
“Imagine a impressora e o cartucho de tinta. Em vez de usar a tinta você está usando células e um gel.”
Wake Forest também está investigando a possibilidade de “imprimir” células da pele diretamente sobre queimaduras.
Células-tronco na recuperação de AVC
O neurologista Lawrence Wechsler, da Escola de Ciências da Saúde da Universidade de Pittsburgh, está nos estágios iniciais de uma pesquisa que avalia se as células-tronco injetadas diretamente no cérebro podem ajudar na recuperação de vítimas de acidente vascular cerebral (AVC).
O primeiro passo – sendo testado em um estudo clínico – é estabelecer a segurança da técnica. Se isso der certo, Wechsler diz: “poderemos planejar um estudo para testar a eficácia e o benefício clínico”.
Tais terapias não trariam de volta os movimentos perdidos, alerta o médico. Mas pequenas melhorias na função poderiam render grandes melhorias na qualidade de vida.
“Se você pode começar a usar a mão para segurar alguma coisa e fazer algumas pequenas tarefas, ou ganhar força suficiente na perna para ajudá-lo a se mover em vez de estar em uma cadeira de rodas, de alguma forma, essa mudança é um grande benefício.”
Coração bio-artificial
Talvez o objetivo final dos pesquisadores de medicina regenerativa seja criar e transplantar um coração bio-artificial que funcione.
É algo factível? Construir órgãos sólidos complexos, como coração, fígado, pulmões e pâncreas é um desafio. E uma grande questão é “de onde você tira essas centenas de bilhões de células para fazer um”, questiona Taylor, do Texas Heart Institute.
Mas ela acrescenta, “estamos fazendo grandes avanços”, e prevê que o transplante de um órgão complexo sólido e bio-artificial será algo possível em cinco anos.
“E se eu tenho algo a dizer sobre isso, digo: vou estar lá quando isso acontecer
Fonte The New York Times
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