Fumar durante a gestação também pode desencadear o problema
Pesquisadores da Universidade de Leicester, na Inglaterra, revelaram que certos subgrupos da população têm risco aumentado para desenvolver estrabismo — doença ocular que provoca o desalinhamento dos olhos.
De acordo com o médico Gail Maconachie, a identificação desses riscos é fundamental para que se trabalhe mais no diagnóstico precoce do problema, quando ainda é passível de correção. Entre os riscos mais significativos estão a prematuridade, o baixo peso ao nascer e o fato de a mãe fumar inclusive durante a gravidez — além da hereditariedade.
De acordo com o oftalmologista Renato Neves, o estrabismo costuma afetar 4% das crianças, podendo surgir também na fase adulta. Os olhos podem apresentar desvios para dentro, para fora, para cima ou para baixo.
— Existem seis pares de músculos extraoculares ao redor de cada olho. Enquanto dois músculos movem os olhos horizontalmente, os outros quatro fazem os movimentos verticais e de torção. Quando todos os músculos estão em perfeito equilíbrio de força e trabalhando em conjunto, os olhos estão alinhados e focalizados em um ponto. Já quando os músculos não trabalham em harmonia, ocorre o desvio ocular, ou estrabismo — afirma o especialista.
Neves explica que se os dois olhos estão fixando o mesmo ponto, as duas imagens são unidas em uma única imagem, tendo noção de profundidade. Nas pessoas estrábicas, duas imagens diferentes são enviadas ao cérebro. Se o problema não for tratado desde cedo, com o tempo o cérebro passa a receber somente a imagem do olho normal. Adultos não tratados costumam desenvolver visão dupla (diplopia), dado que o cérebro não suprime a imagem do olho desviado.
— Um dos primeiros sinais de estrabismo é um olho que não fixa objetos à sua frente. Há crianças inclusive que inclinam ou giram a cabeça em direção a um determinado ponto para tentar manter os olhos alinhados. A pessoa estrábica poderá não ter, também, visão de profundidade — diz Neves.
O oftalmologista também chama atenção para outros subgrupos de risco para o estrabismo: crianças com paralisia cerebral, Síndrome de Down e hidrocefalia.
— Desvios detectados ao nascimento podem desaparecer durante os seis primeiros meses de vida. É nesse período que se desenvolve a mácula, região da retina responsável pela visão central e que permite melhor fixação dos objetos. De todo modo, quanto mais cedo a criança for examinada, maiores as chances de correção do problema — afirma.
São três os objetivos principais do tratamento: preservar a visão, alinhar os olhos, e recuperar a visão binocular. Dependendo da causa, o tratamento do estrabismo poderá ser clínico, óptico, ou cirúrgico, envolvendo tanto a correção do desequilíbrio de forças musculares, como a remoção de catarata e o controle de outras doenças.
— Em crianças, em muitos casos o uso de um tampão no olho bom, forçando o olho ruim a enxergar bem, resolverá o problema. Mas, em outros, uma correção cirúrgica será necessária. Quanto mais cedo isso acontecer, melhores os resultados — completa Neves.
Fonte Zero Hora
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