A obesidade infantil tem sido tema de diversos estudos. Há uma busca constante em relacionar causas evitáveis para essa que é a maior epidemia de doença crônica não transmissível do século 21, segundo dados da OMS.
Fatores relacionados à gestação, ao aleitamento materno, ao hábito alimentar das crianças em casa, na família, na escola, à publicidade, à cultura são motivos de comprovação de causas multifatoriais no aumento de peso mundial.
Apesar do aumento da expectativa de vida cada vez da população, as pessoas estão cada vez mais entregues ao controle medicamentoso de patologias que chegam a cada dia mais a afetar as crianças (diabetes tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial, obesidade infantil, alergias, doenças autoimunes dentre muitas outras).
O pediatra Moises Chencinski destaca dois estudos publicados na revista Pediatric Obesity, de junho de 2013, relacionados à influência das mães e dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade
O primeiro é um estudo relacionando a influência do IMC da mãe e do IMC do pai ao IMC da criança (estudo longitudinal de Fels). Os autores do estudo se basearam em algumas informações já conhecidas sobre o assunto: um aumento precoce da adiposidade está cada vez mais prevalente em muitas partes do mundo; e a obesidade dos pais é um dos muitos fatores previamente associados com o peso, estatura e adiposidade precoce das crianças, representando um marcador da complexa interface entre os fatores genéticos e ambientais e são potencialmente modificáveis.
Ainda não foi estabelecida de fato a influência do IMC dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade na infância, bem como o tempo desses efeitos. Para isso, foram estudados dados de medidas seriadas de crianças na faixa de recém-nascidos a três anos e meio, obtidas de 912 crianças nascidas entre 1928 e 2008, juntamente com a análise de IMC do pai e da mãe e cruzados com outras informações sobre parto, idade e sexo das crianças, por exemplo.
A pesquisa concluiu que, ao nascimento e na infância mais tardia (entre dois e três anos e meio), o IMC da mãe tem uma influência muito maior do que o IMC do pai na obesidade infantil, sugerindo que o controle do peso na gestação pode ser muito benéfico como fator de prevenção.
— Assim, aumenta a importância do pré-natal adequado, com uma orientação de alimentação saudável para controle do ganho de peso durante a gestação — diz o pediatra.
— Além disso, a observação de que a influência do IMC materno não é constante, mas sim no recém nascido e após os dois anos de idade, sugere que há uma janela de oportunidades na infância precoce onde intervenções direcionadas a filhos de mães com sobrepeso e obesas podem ser mais eficazes — afirma Chencinski.
Outra pesquisa avaliou a influência do ganho de peso na gestação, relacionando-o ao risco de sobrepeso na infância.
Partindo do princípio que o ganho de peso na gestação é um fator de risco modificável no sobrepeso da criança, pesquisadores selecionaram estudos sobre o assunto. As principais conclusões apontaram para evidências de chances de pelo menos 21% a 30% de risco de sobrepeso na infância relacionado ao excessivo ganho de peso materno na gestação.
— Assim, mais uma vez se comprova a importância do pré-natal bem conduzido e do compromisso da mãe com o controle de sua alimentação (qualitativa e quantitativa), retomando mais uma vez a antiga questão sobre a necessidade do controle de peso, não só pelos riscos para a mãe (hipertensão, diabetes gestacional, eclampsia, parto prematuro, outras doenças infecto-contagiosas) bem como para a promoção da saúde da criança, controlando a epidemia de sobrepeso e de obesidade que já estamos vivendo — destaca o pediatra.
O especialista também defende que é bom que fique muito claro que esse controle desejável e primordial, partindo-se de um pré-natal adequado e bem orientado é apenas uma das muitas estratégias importantes no sentido de promover a saúde das crianças, no que diz respeito ao controle de peso.
— Não se pode, portanto, atribuir apenas à gestante e à mãe a responsabilidade para o controle do quadro — conclui Chencinski.
Fonte Zero Hora
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