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Um artigo sobre a pesquisa, assinado pelos professores Sergio Henrique
Ferreira e Thiago Mattar Cunha, pelo pós-doutor Guilherme Rabelo e pelo
pós-graduando Jhimmy Talbot, todos do Departamento de Farmacologia da faculdade,
foi publicado em junho na revista científica Proceedings of the National
Academy of Science, dos Estados Unidos.
Segundo o professor do Departamento de Farmacologia, Thiago Mattar Cunha, os
pesquisadores trabalham há mais de 20 anos para tentar entender a gênese da dor,
principalmente no caso de origem inflamatória. “Nossa ideia é que, se
conseguirmos entender como a dor aparece e o que está por trás do surgimento da
dor inflamatória, a gente possa, baseado nesse conhecimento, desenvolver um novo
medicamento”, disse Cunha à Agência Brasil.
No estudo, os pesquisadores descobriram que uma proteína, chamada de
fractalcina, está envolvida na ativação das dores crônicas de origem
inflamatória. Se os receptores da proteína forem bloqueados, acreditam os
pesquisadores, as dores inflamatórias, tais como as que ocorrem na artrite
reumatoide, poderão ser controladas.
Em experiência com animais, os pesquisadores observaram que existe um tipo
celular, chamado de células satélites, que estabelecem o último contato com os
neurônios que transmitem a dor. “Nós demonstramos que estas células, que estão
envoltas no corpo desse neurônio e que não tinham uma função patológica
conhecida, são fundamentais para esse processo de dor inflamatória”,
explicou.
Além da descoberta da importância das células satélites no mecanismo da dor,
os pesquisadores conseguiram, segundo ele, demonstrar como elas são ativadas e
quem é a responsável por essa ativação: a fractalcina. “Essa proteína, a
fractalcina, é liberada durante o processo inflamatório e ativa essa célula
satélite. Existe um local específico onde essa fractalcina atua, que chamamos de
receptor. A ideia então é desenvolver um fármaco ou uma molécula que bloqueie
esse receptor e que impeça que a fractalcina se ligue a esse receptor e ative a
célula satélite”.
Segundo Cunha, indústrias farmacêuticas já estão desenvolvendo medicamentos
para bloquear o receptor da fractalcina. Mas a ideia do grupo de pesquisadores
da USP é que, em médio prazo, seja criado um remédio para ser testado contra a
dor inflamatória, com menos efeitos colaterais, e que venha, no futuro, amenizar
dores de pessoas que sofrem com artrite reumatoide, osteoartrite, gota e até
traumas cirúrgicos e torções. “O que queremos é desenvolver fármacos que sejam
efetivos no tratamento da dor e que tenham menos efeitos colaterais para
melhorar a qualidade de vida do paciente”, ressaltou.
“Já existem fármacos no mercado contra a dor inflamatória. Estes
anti-inflamatórios que se toma, tal como a aspirina, são efetivos. O grande
problema está relacionado com os efeitos colaterais que eles apresentam e que
tem muito a ver com o sistema cardiovascular e com o sistema gastrointestinal.
São efeitos que limitam a utilização. Um paciente que tem artrite reumatoide e
que vai precisar tomar medicamento por mais de um ou até 20 anos, ele não vai
suportar estes efeitos colaterais por muito tempo. Nossa ideia é achar um
mecanismo importante e, a partir disto, compor novas drogas para conter esse
processo”, disse o professor.
Fonte Agência Brasil
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