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terça-feira, 23 de julho de 2013

Irlanda se comove com morte de mulher ao abortar em Londres

O governo da Irlanda se declarou nesta segunda-feira "comovido" pela morte de uma mulher que viajou a Londres para se submeter a um aborto após a rejeição de um hospital irlandês a realizar o procedimento, e que morreu horas depois em um táxi.
 
O caso, que ocorreu em janeiro de 2012, mas foi revelado somente hoje pelo jornal "The Irish Times" poucos dias antes de entrar em vigor a nova lei do aborto na Irlanda, que autoriza pela primeira vez a interrupção da gravidez em algumas circunstâncias.
 
A mulher, de 32 anos, não irlandesa e residente em Dublin, se submeteu a um aborto em uma clínica particular de Londres depois de um hospital irlandês se negar a interromper a gestação de cerca de 20 semanas, porque violava a lei. Após passar um tempo em observação, a mulher recebeu alta e durante um trajeto de táxi, ainda na capital inglesa, morreu "de forma repentina", declarou hoje um porta-voz da polícia de Londres à imprensa irlandesa.
 
O porta-voz da polícia acrescentou que as autoridades continuam investigando o caso. "Estamos extremamente comovidos", afirmou hoje a ministra irlandesa de Infância, a conservadora Frances Fitzgerald, cujo governo conseguiu aprovar, há duas semanas, na Câmara Baixa do Parlamento, a primeira lei de aborto da história irlandesa.
 
Enquanto o Senado também não dá sinal verde, o aborto ainda é ilegal no país, a menos quando a vida da mãe esteja em risco. Contudo, a referência é vaga na Constituição e as mulheres estão sujeitas à interpretação dos médicos, que normalmente tendem a negar o pedido de interrupção da gravidez por medo das consequências legais ou por causa das próprias convicções religiosas, uma vez que a Irlanda é um país majoritariamente católico.
 
A nova lei, que deveria entrar em vigor antes de agosto, busca detalhar com clareza em que casos será permitida a interrupção da gravidez: quando a vida da mãe estiver em risco, o que inclui também a ameaça de suicídio. Mesmo com a ampliação das possibilidades legais de aborto, a legislação irlandesa continuará sendo uma das mais restritivas da Europa. Segundo números oficiais britânicos, quase 4 mil mulheres da Irlanda viajam a cada ano ao Reino Unido para se submeter a um aborto. Para Fitzgerald, a morte da mulher ano passado no táxi londrino "levanta questões" que foram abordadas na nova lei do aborto irlandesa.
 
A ministra afirmou que "essas mulheres" que "voltaram ao nosso país" (após se submeter a um aborto no exterior) devem saber que têm a sua disposição tratamentos pós-operatórios "muito bons". Segundo o relato feito pelo marido da vítima ao "The Irish Times", ela já era mãe de uma menina de dois anos e estava sofrendo uma gestação problemática. Ainda de acordo com ele, o tratamento oferecido pelos médicos irlandeses trazia o risco de esterilidade após o parto.
 
Diante dessa possibilidade, o casal solicitou a interrupção da gravidez, o que foi negado sob o argumento de que a vida da mãe não corria perigo e, segundo a Constituição irlandesa, o direito à vida do "não nascido" também deve ser respeitado.
 
A nova lei possivelmente não impedirá que voltem a ocorrer casos semelhantes, mas poderia evitar mortes como a de Savita Halappanavar, mulher indiana que morreu em um hospital irlandês depois de negada a autorização de aborto para uma gravidez de risco.
 
Savita, que tinha 31 anos e estava grávida de 17 semanas, morreu em outubro do ano passado com septicemia em um hospital de Galway (no oeste da Irlanda), depois de os médicos se negarem a realizar o aborto sob a alegação que tratava-se de um país católico, e que a lei os impedia enquanto o coração do feto batesse, apesar do estado de saúde da mãe.
 
Fonte Efe/R7

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