Foto: nao se aplica / stock xchng,divulgação Especialistas não têm dúvida de que o pensamento tem, sim, muito poder |
Dizem que a mente é capaz de mover montanhas. O poder do pensamento é tema de discussões entre pesquisadores e não faltam livros de autoajuda nas livrarias que prometem revelar o “segredo” que pode fazer você ter e ser o que quiser só com a força da mente. Mas será que temos mesmo esse poder todo e a felicidade pode estar logo ali, ao alcance de uma mente bem treinada?
Apesar de ser um tema um tanto controverso, os especialistas não têm dúvida de que o pensamento tem, sim, muito poder. Porém, todos são unânimes em dizer: só pensar não resolve. Para a psicóloga Ângela Utinguassú dos Santos, o pensamento positivo deve ser encarado como uma postura de vida, uma óptica mais otimista e leve diante dos problemas do cotidiano.
— Devemos pensar que o dia de hoje poderá ser melhor do que o de ontem. Atender ao telefone com bom humor, sorrir, ter uma postura corporal ereta. Tudo isso é percebido pelas pessoas, que tendem a retribuir — analisa Ângela.
Outro poder associado ao pensamento positivo é que tendemos a buscar formas de comprovar essa positividade. Ou seja, tentamos transformar os nossos pensamentos em ações para que os desejos e objetivos mentalizados se tornem realidade. Além disso, os problemas passam a ter uma conotação mais leve e o sofrimento diante deles é menor.
— Claro que nada disso vai acontecer se você ficar só no pensamento, mas as ações começam nas ideias. Se você não pensar e mentalizar um objetivo, nunca irá atrás dele e, quando perceber, estará infeliz com a vida porque não refletiu sobre ela. Pensar positivamente é, portanto, o primeiro passo – ressalta a psicóloga e mestre em psicologia clínica Tatiana Facchin.
Organismo integrado
O psiquiatra e professor da PUCRS Diogo Lara ressalta que somos seres integrados e o pensamento representa um pequeno nível da nossa existência, do nosso organismo.
— É um nível importante, que processa informações, mas é apenas um. Não podemos dissociar o pensamento do corpo, da emoção, do sentimento, do comportamento — explica.
Lara observa que é importante levar em consideração todos os níveis do organismo, que ele didaticamente separa em seis: corpo, emoção, pensamento (o nosso consciente) imagens (o nosso inconsciente), comportamento e alma. Esses níveis funcionam em coerência associativa, tendem a trabalhar de forma semelhante, conjunta, em sintonia.
Por exemplo: você dificilmente vai ouvir alguém gritar “eu sou um perdedor!” de forma vibrante, alegre, com os braços para o alto. A fala, o comportamento e o corpo não estariam sendo coerentes. O que pensamos vai influenciar no que sentimos, em como nos comportamos, em nossas emoções – assim como todos esses níveis podem influenciar nosso pensamento.
— Tudo está em coerência associativa, então não importa muito o nível em que você vai entrar numa intervenção. Ela pode ser corporal (com a prática de ioga, por exemplo), no pensamento (com a terapia), no seu inconsciente (com a hipnose) ou na sua alma (com a prática da reza) — explica o psiquiatra.
Quando a intervenção se dá pelo pensamento, a coerência com a emoção é fundamental para o sucesso. É ela que vai legitimar o pensamento, permitir que ele alcance e interfira nos outros níveis do organismo.
— A tinta que escreve o pensamento é a emoção. Ela é evolutivamente mais antiga. Uma criança tem emoções e sentimentos muito antes de ter pensamentos. Se eu penso que sou o cara, mas minha emoção não autoriza isso, esse pensamento fica vazio — afirma Lara.
O pensamento positivo precisa, portanto, ser construído em uma unidade alicerçada pela emoção. Pensar e expressar desejos de forma vazia e isolada torna-se algo fugaz e que pouco pode ajudar. A força do pensamento positivo está na sua associação aos outros níveis do organismo, o ponto de partida que pode estrategicamente potencializar uma mudança efetiva.
Fonte Zero Hora
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