BBC
Os filhos de Maitland, Zander e Riley, acompanharam o pai
na travessia
|
Em maio deste ano, para celebrar os cinco anos após a cirurgia, Maitland e seus dois filhos se juntaram a outros oito nadadores e desafiaram as águas frias e as fortes correntezas da Baía de San Francisco (cidade no oeste dos EUA), nadando os 2,4 km que separam a notória Ilha de Alcatraz do continente.
“Eu quero fazer a travessia entre a Ilha de Alcatraz e San Francisco a nado para comemorar meus cinco anos de vida”, Maitland anunciou à família em outubro do ano passado.
Maitland tinha muito o que celebrar. Estatísticas mostram que apenas 30% dos pacientes que se submetem a um transplante de pulmão continuam vivos dez anos após o procedimento.
Atualmente, o tempo médio de vida de um paciente que se submete a um transplante de pulmão nos Estados Unidos e na Europa é de cinco anos.
O diagnóstico
Ninguém sabe por que os pulmões de Maitland pararam de funcionar quando ele tinha 41 anos – ele nunca fumou e sempre praticou esportes. Segundo os médicos, foi um caso raro.
O patologista cuidando do caso de Maitland deu à doença um nome impronunciável. "É uma espécie de fibrose pulmonar", disse o médico, "onde o tecido pulmonar se torna duro e inútil." E a conclusão oficial foi que a causa da doença era desconhecida.
Maitland passou cinco anos com uma tosse que ninguém conseguia diagnosticar até o dia em que deitou no chão e não conseguiu se levantar.
As semanas seguintes foram marcadas por uma sucessão de más notícias. “Me disseram que eu só teria seis meses de vida e que a minha única chance de sobreviver era um transplante duplo de pulmão,” conta Maitland.
Depois de semanas de consultas, testes, e procedimentos, um médico do hospital telefonou e disse que Maitland não poderia sobreviver ao procedimento de transplante, e que eles não poderiam mais cuidar do seu caso.
Depois de meses de pesquisas, de contatos com outros hospitais e muitas rejeições, Maitland recebeu uma resposta positiva do hospital Duke University Medical Center, em Durham, no Estado da Carolina do Norte (leste do país), que o colocou numa lista de espera para o transplante de pulmão.
Maitland não precisou esperar muito tempo pelo transplante. A morte trágica de um jovem permitiu que ele pudesse "voltar a respirar fundo".
Segundo Maitland muitas pessoas se referem ao procedimento como um "segundo fôlego", mas os médicos responsáveis por transplantes enfatizam que o transplante de pulmão, assim como o de outros órgãos, não é uma cura, mas simplesmente a troca de uma condição aguda por outra.
Maitland, que sempre gostou de nadar, conheceu a competição The Alcatraz Swim (“A Competição de Natação de Alcatraz”, em tradução livre) por meio da professora de natação de seu filho.
Mas essa não foi a primeira competição na qual Maitland participou. Um pouco mais de um ano após a cirurgia ele competiu pela primeira vez num triatlo, e nadou 750 metros, pedalou 20 km e correu mais 5 km.
"A prática de exercício físico está diretamente relacionada a recuperação de pacientes que se submeteram a um transplante de pulmão," explica Maitland. "Depois da operação eu me exercitava até mais do que os médicos recomendavam."
Para a travessia, Maitland começou treinando três vezes por semana, por cerca de 20 a 30 minutos por dia, e gradativamente aumentou a intensidade e a distância. No período entre janeiro e abril, Maitland nadou todos os dias. E em maio ele estava pronto para encarar o desafio.
Final de sucesso
Na manhã de domingo, 12 de maio, os dez nadadores pegaram um barco para chegar a Alcatraz, onde entre 1933 e 1963 funcionou uma famosa prisão e que se tornou mundialmente conhecida com o filme estrelado por Clint Eastwood em 1979, Fuga de Alcatraz.
Nos primeiros 20 minutos, Maitland e seus filhos Zander, de 13 anos, e Riley, de 11 anos, nadaram praticamente juntos, enfrentando a água com temperatura de 13ºC. Então as crianças começaram a se distanciar.
Depois de meia hora, elas começaram a ficar impacientes, gritando à distância palavras de incentivo para o pai.
Quando estava a apenas 182 metros do continente, Maitland sentiu uma forte câimbra que paralisou suas pernas. Mas com a ajuda de um dos caiaques de apoio que acompanhavam os nadadores, Maitland saiu da água por alguns minutos, bebeu água, e logo voltou a nadar.
Depois de cruzar no caminho com um leão marinho, Maitland concluiu a travessia com sucesso, se juntando a seus filhos. Toda a travessia durou pouco mais de uma hora.
Maitland disse que possivelmente vai participar na competição de Alcatraz novamente no ano que vem, mas que antes deve atravessar a nado o estreito de Dardanelos, no noroeste da Turquia.
"O poeta inglês George Byron fez a travessia em 1810, e foi o primeiro nadador a fazer a travessia nos tempos modernos. Parece ser uma experiência incrível, apenas cerca de 5 km entre a Ásia e a Europa," conta Maitland.
Fonte iG
Nenhum comentário:
Postar um comentário