Rio de Janeiro – A rede pública de saúde do Rio passou a contar com um novo
recurso no atendimento a pacientes com dificuldade respiratória: a criação de um
núcleo especializado em procedimentos de implantação de marca-passo
diafragmático.
Ele fica no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel,
zona norte da capital fluminense. O implante foi realizado em três pacientes
internados há meses, respirando com ajuda de aparelhos. A operação foi feita por
uma equipe neurocirúrgica treinada nos Estados Unidos para lidar com estes
casos.
O marca-passo é implantado no diafragma para estimular o nervo frênico,
responsável por manter o diafragma funcionando. A Secretaria Estadual de Saúde
adquiriu seis aparelhos. De acordo com o coordenador da Superintendência de
Atenção Especializada, Controle e Avaliação da Secretaria de Estado de Saúde,
Flávio Martins, o que encarece a cirurgia é o aparelho, que custa entre R$ 500
mil a R$ 1 milhão.
"Não fizemos a cirurgia antes porque o custo do marca-passo é muito alto.
Assim que ficamos sabendo dos pedidos administrativos na secretaria, vimos que
nós tínhamos capacidade de realizar o procedimento, só precisávamos do
equipamento. O secretário de Saúde entendeu que era melhor comprar o equipamento
porque nós tínhamos hospital e equipe capacitados", explicou.
Uma equipe neurocirúrgica avalia as condições do paciente, se de fato o
marca-passo o beneficiará no dia a dia, melhorando a qualidade de vida.
Geralmente, a cirurgia é indicada a pacientes que tenham, por algum motivo,
comprometimento neurológico, seja por algum problema genético, como síndrome de
Ondine, caso da menina Manuela Faustine, de sete anos, que desde um mês de vida
apresenta dificuldades na respiração ao dormir, chegando a ficar seis meses
internada em uma unidade de tratamento intensivo.
O pai de Manuela, Nilson Faustino, disse que quando chegaram ao diagnóstico
da síndrome de Ondine, pesquisaram sobre o assunto até que descobriram o
marca-passo diafragmático. Na época, apenas um médico no Brasil realizava a
cirurgia. A família resolveu entrar com um pedido administrativo na Secretaria
Estadual de Saúde, solicitando a compra do aparelho. "Ela é uma menina que
acordada fazia suas atividades normalmente, mas ao dormir parava de respirar.
Depois de um tempo chegamos ao diagnóstico da síndrome e para melhorar a
qualidade de vida dela, montamos a estrutura que ela precisava em casa".
Segundo Flávio Martins, não existe tratamento para este tipo de caso e a
secretaria entendeu ser necessário a compra dos aparelhos para melhorar as
condições de vida das pessoas que precisam de respiradores. "Os três casos que
fizemos tinham o mesmo perfil. Os pacientes estavam hospitalizados há muito
tempo por conta da necessidade de respiração artificial. Para este tipo de
paciente existem dois caminhos: ou ficar permanentemente no hospital, por ter
que estar sempre ligado ao respirador, ou ficar em casa na dependência de um
home care, quando um respirador tem que ser montado em casa", afirmou.
Agência Brasil
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