Foto: Marcos Santos / Divulgação Análise da funcionalidade envolveu 666 vinhos tintos produzidos na América do Sul |
Os benefícios que os vinhos podem proporcionar à saúde serviram de base para uma classificação de funcionalidade realizada em pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Os estudos, que envolveram 666 vinhos tintos produzidos na América do Sul, mostraram ser possível classificar as bebidas com diferentes índices de funcionalidade e apontaram que a safra pode influenciar na classificação.
— Funcionalidade representa a capacidade do vinho em proporcionar benefícios à saúde, medida por meio de diferentes parâmetros. Em termos gerais, buscou-se desenvolver uma ferramenta que mostrasse ao consumidor quais seriam suas melhores opções, se ele estivesse buscando exclusivamente benefícios à saúde através do consumo diário e moderado de vinho tinto — conta a professora Inar Castro, que coordenou a pesquisa.
Os parâmetros analisados pelos pesquisadores para classificar os vinhos foram a capacidade antioxidante, teor de compostos fenólicos, cor, e a composição individual das antocianininas, que são compostos fenólicos (flavonóides) responsáveis pela cor violeta ou rubi dos vinhos tintos e também associados com sua funcionalidade. Foram avaliados 666 vinhos monovarietais produzidos com uvas Cabernet Sauvignon, Malbec, Carmenére, Tannat, Merlot e Syrah provenientes do Chile, Argentina, Brasil e Uruguai das safras 2009 e 2010, com preços até 50 dólares por garrafa.
Safra e funcionalidade
Os resultados mostraram que foi possível classificar os vinhos como "baixa, média e alta funcionalidade", e que essa classificação não foi alterada pela safra.
— Também observou-se que entre os vinhos estudos na amostragem, os que apresentaram maior funcionalidade foram os Malbec e Tannat Argentinos com preço acima de 15 dólares. Em geral, a atividade antioxidante eleva-se nos vinhos com preço aproximado de até 30 a 40 dólares por garrafa. Acima desse valor não há mais acréscimo dessa propriedade — relata Inar.
A pesquisa desenvolveu um modelo matemático capaz de classificar os vinhos de acordo com a funcionalidade.
— Essa classificação poderia ser futuramente convertida por exemplo num selo apresentado no rótulo do vinho, permitindo que o consumidor possa utilizar essa importante informação no momento da sua escolha — disse a professora.
Segundo Inar, a princípio, os resultados da pesquisa teriam maior impacto na comercialização dos vinhos.
— Vinhos com maior funcionalidade podem ser diferenciados daqueles com funcionalidade mais baixa. Essa qualidade nos vinhos não tem sido explorada por falta de informação — afirma.
USP
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