Foto: Reprodução/YouTube/Samimys 400 cigarros foram 'fumados' por máquina, e água foi ficando preta |
Um vídeo que mostra um experimento que "fuma" 400 cigarros de uma só vez para ver o que sobra dessa combustão faz sucesso na internet, com mais de 1,7 milhão de visualizações no YouTube até esta quinta-feira (26).
O usuário Samimys, que tem 30 vídeos publicados com várias invenções caseiras, criou uma máquina a vácuo para queimar 20 maços com 20 cigarros cada, durante mais de 3 horas.
A uma temperatura inicial de 50° C, a água aquece o cigarro e, aos poucos, vai absorvendo o alcatrão (resíduo do tabaco), ficando viscosa e mudando de coloração – primeiro amarela, depois marrom e, por fim, preta.
Feito isso, a água é fervida, para observar o que resta de partículas sólidas. Após 40 minutos, a água se evapora e deixa 7.200 mg de alcatrão. Esse material preto, que lembra um "carvão" pegajoso, é então cortado com garfo e faca e manipulado.
O vídeo diz que isso é o que chega aos pulmões pela inalação, em partículas muito pequenas, que aos poucos vão causando problemas respiratórios, como enfisema pulmonar, e doenças como câncer, além de alterações nos dentes, na língua e na gengiva.
A cardiologista Jaqueline Issa, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) em São Paulo, destaca que o cigarro pode acarretar mais de 40 doenças, da boca à uretra, como infarto, aneurisma cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença vascular periférica (nos membros inferiores) e vários tipos de câncer, como de mama e laringe.
"Esse experimento ilustrativo dá uma ideia do que é o cigarro, que por fora parece uma coisa bonita e às vezes até cheirosa, já que a regulamentação dos aromatizantes foi mantida. Apesar de aquele material não ficar grudado nos pulmões, ele entra no sangue e, a longo prazo, causa mudanças genéticas e transforma o pH das células. Por isso, o vídeo é educativo, causa um impacto", avalia.
O cigarro libera mais de 4.700 substâncias nocivas – além do alcatrão, há a nicotina, o monóxido de carbono e muitas outras derivadas da combustão do cigarro – que vão afetando a parte funcional dos pulmões. Com o tempo, o órgão perde seus alvéolos (estruturas localizadas nos bronquíolos que fazem as trocas gasosas entre oxigênio e gás carbônico), fica "aerados" e com um espaço "morto", o que causa dificuldades respiratórias. Essas toxinas também estão presentes no cigarro eletrônico, só que em menor quantidade, explica a cardiologista.
"Se você colocar apenas cinco cigarros em um copo d'água da noite para o dia, já vai ver que a água fica num tom amarelo-achocolatado", diz.
Sobre como o organismo pode se recuperar após uma pessoa abandonar o vício, Jaqueline afirma que depende de quanto tempo o indivíduo fumou, de suas características genéticas e também individuais.
"Se uma pessoa largar o vício antes dos 35 anos e tiver menos de 20 anos de exposição ao cigarro, provavelmente não desenvolverá nenhuma doença relacionada e apresentará a mesma sobrevida de quem nunca fumou, como mostram alguns estudos. Quanto mais o paciente posterga esse dia, porém, mais perde anos de vida", ressalta.
G1
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