Foto: Gilles Barbier / reprodução Instalação do artista francês Gilles Barbier apresenta super-heróis idosos numa casa de repouso |
Os amigos de redação de Clark Kent jamais se perguntaram o porquê de ele nunca ficar doente. Nem mesmo sua eterna companheira, Lois Lane, se dava conta de que aquele nerd com óculos de aro grosso estava sempre com a saúde perfeita. Ela e os colegas desconheciam que tamanho vigor vinha do fato de ele ser o Super-Homem.
Contudo, super-heróis só existem nos quadrinhos. Os humanos de verdade não podem prescindir de visitas periódicas a médicos, de remédios para curar suas dores ou de vitaminas para suplementar seus desarranjos.
Mas uma questão cultural acompanha o homem brasileiro: na cabeça deles, a masculinidade pode se eximir dos cuidados básicos com a saúde. Ir ao médico sempre deve ser a última atitude — nunca algo que possa ajudar a prevenir um mal maior.
— Eles carregam o estigma do super-homem: estar doente significa ser frágil. Normalmente, o homem é o provedor ou foi criado com a cultura de que precisa sê-lo — afirma Maria Aparecida Murr, médica do ambulatório de saúde do homem de Sobradinho, centro piloto de cuidados ao sexo masculino no Distrito Federal.
Essa dificuldade em convencer os homens a procurarem os serviços de saúde se reflete na quantidade dos que chegam aos consultórios já com problemas crônicos.
Pesquisa com 800 homens de Brasília, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e pelo laboratório alemão Bayer, mostrou que 50% nunca tinham consultado com um urologista, 58% nunca haviam feito exames para detectar o câncer de próstata e 38% jamais aferiram seus níveis de testosterona (hormônio masculino).
— É um problema cultural. Os homens latinos têm uma concepção de masculinidade que os fazem pensar que são invulneráveis. Soma-se a isso a dificuldade que eles têm de acesso ao serviço público de saúde — afirma Aguinaldo Cesar Nardi, presidente da SBU.
A teoria é comprovada diariamente nos consultórios — isso, claro, quando os homens decidem finalmente procurar um médico.
Com 64 anos, dois infartos nos anos 1990, três pontes de safena, fumante e sedentário, o representante comercial Byron Barretto é um ótimo exemplo de um homem que, por estar saudável e livre de qualquer incômodo, nem cogita a possibilidade de fazer prevenções planejadas. Aliás, ele mal lembra a última vez em que foi ao médico.
— Há uns dois anos, talvez — tenta recuperar na memória.
Barreto não é minoria, porém. Os homens, em geral, pensam assim: sem sintomas, não há doenças. Recomendações médicas abundam e poucas são seguidas à risca. As taxas de mortalidade entre eles também.
— A sobrevida dos homens é até sete anos menor que a das mulheres — diz Maria Aparecida Muur.
Contudo, super-heróis só existem nos quadrinhos. Os humanos de verdade não podem prescindir de visitas periódicas a médicos, de remédios para curar suas dores ou de vitaminas para suplementar seus desarranjos.
Mas uma questão cultural acompanha o homem brasileiro: na cabeça deles, a masculinidade pode se eximir dos cuidados básicos com a saúde. Ir ao médico sempre deve ser a última atitude — nunca algo que possa ajudar a prevenir um mal maior.
— Eles carregam o estigma do super-homem: estar doente significa ser frágil. Normalmente, o homem é o provedor ou foi criado com a cultura de que precisa sê-lo — afirma Maria Aparecida Murr, médica do ambulatório de saúde do homem de Sobradinho, centro piloto de cuidados ao sexo masculino no Distrito Federal.
Essa dificuldade em convencer os homens a procurarem os serviços de saúde se reflete na quantidade dos que chegam aos consultórios já com problemas crônicos.
Pesquisa com 800 homens de Brasília, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e pelo laboratório alemão Bayer, mostrou que 50% nunca tinham consultado com um urologista, 58% nunca haviam feito exames para detectar o câncer de próstata e 38% jamais aferiram seus níveis de testosterona (hormônio masculino).
— É um problema cultural. Os homens latinos têm uma concepção de masculinidade que os fazem pensar que são invulneráveis. Soma-se a isso a dificuldade que eles têm de acesso ao serviço público de saúde — afirma Aguinaldo Cesar Nardi, presidente da SBU.
A teoria é comprovada diariamente nos consultórios — isso, claro, quando os homens decidem finalmente procurar um médico.
Com 64 anos, dois infartos nos anos 1990, três pontes de safena, fumante e sedentário, o representante comercial Byron Barretto é um ótimo exemplo de um homem que, por estar saudável e livre de qualquer incômodo, nem cogita a possibilidade de fazer prevenções planejadas. Aliás, ele mal lembra a última vez em que foi ao médico.
— Há uns dois anos, talvez — tenta recuperar na memória.
Barreto não é minoria, porém. Os homens, em geral, pensam assim: sem sintomas, não há doenças. Recomendações médicas abundam e poucas são seguidas à risca. As taxas de mortalidade entre eles também.
— A sobrevida dos homens é até sete anos menor que a das mulheres — diz Maria Aparecida Muur.
Da Press/Correio Braziliense
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