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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Saiba quais são os mitos e verdades sobre riscos para doenças cardíacas

Sociedade americana aperta o cerco na luta contra o colesterol, mas não interfere nas diretrizes brasileiras
 
Entidade americana tornou mais severos os critérios para classificar os fatores de risco de desenvolver uma doença cardíaca e provocou discussão sobre uma possível supervalorização dos perigos, o que levaria milhões de pessoas a serem tratadas com medicamento sem necessidade real. Na prática, a medida não interfere nas diretrizes brasileiras adotadas em setembro deste ano. Zero Hora conversou com especialistas e elaborou uma lista de atitudes que são consideradas mitos, ou verdades ou estão em discussão.
 
Veja quais são:

VERDADE
 
Exercícios do bem
Não há dúvidas de que exercícios físicos fazem bem à saúde: eles proporcionam um gasto calórico e trazem uma série de benefícios que promovem, inclusive, a redução da mortalidade. A recomendação é de que se pratique no mínimo 150 minutos de atividade física por semana, divididos em cinco sessões de 30 minutos.
 
Um bom vinho
Pesquisas já comprovaram os benefícios do vinho na prevenção de doenças. Um dos principais componentes da bebida, o resveratrol, possui antioxidante e é capaz de "evitar formação coágulos nas artérias", prevenindo doenças cardíacas. A dose recomendada é um cálice por dia. Na medida em que se aumenta a quantidade, perde-se o benefício. As mesmas substâncias também podem ser encontradas no chá verde, na maçã e na casca da uva.
 
Diabetes
Controlar o açúcar do sangue reduz o risco de doenças do coração. O diabetes acelera o depósito de gorduras nas artérias, provocando complicações.
 
Estresse
É quase como o gatilho de inclusão de uma doença. O corpo é preparado para reagir prontamente a situações de emergência e perigo, a partir de adaptações como aumento de pressão arterial, hormônios (adrenalina) e frequência cardíaca. O estresse pode estimular o corpo de forma exagerada e muito constante, o que pode prejudicar a saúde.
 
EM DISCUSSÃO
 
Níveis ideais de LDL, o colesterol ruim
Estudos divergem sobre o quanto é necessário baixar o colesterol ruim, o LDL. Antes, se achava que abaixo de 130 mg/dl em uma pessoa que tinha alguns fatores de risco era suficiente. Depois, estudos mostraram que este número deveria ser abaixo de 100 mg/dl e que assim se conseguiria melhorar, inclusive, a mortalidade, e têm estudos mais recentes com as estatinas, — medicações que baixam o colesterol —, mostrando que ter abaixo de 70 mg/dl de LDL são os mais seguros. As diretrizes brasileiras adotam a meta de 70 mg/dl. A sociedade americana de cardiologia, agora quer extinguir qualquer meta.
 
Uso de medicamento para o controle
Medicamentos à base de estatina são considerados um dos maiores avanços da medicina nos últimos 20 anos, em termos de prevenção secundária (quando o indivíduo já teve infarto ou acidente vascular cerebral, por exemplo). O maior embate reside na prevenção primária, que inclui o indivíduo que não tem doença nem sintomas. Ou seja, a grande questão hoje é se o paciente de baixo risco precisa tomar estatina.
 
Manteiga x margarina
Este é um duelo antigo, sem consenso. A manteiga possui gordura animal saturada, que é uma das fontes que eleva o colesterol. Os ácidos graxos poli-insaturados, geralmente de origem vegetal, como os azeites e os monoinsaturados, que são os melhores, como azeite de oliva e abacate, são saudáveis. Mas para a fabricação da margarina, o óleo de soja, por exemplo, precisa ser saturado e, assim, perde seus benefícios e passa a ter uma fonte também de gordura saturada, que não é benéfica. A manteiga e a margarina podem ter, muitas vezes, a mesma quantidade de gordura saturada.
 
MITO
 
Toda a culpa na alimentação
De uma maneira errada, as pessoas acham que o grande componente para se elevar o colesterol é comer de forma errada. Na verdade, o grande vilão é o erro de metabolismo. Ou seja, se o paciente tiver história familiar de pessoas com colesterol elevado, é um erro de metabolismo, um fator hereditário, onde o metabolismo do colesterol não é adequado e faz com que o colesterol fique elevado.
 
Ovo faz mal à saúde
Pesquisas modernas mostram que o ovo não aumenta o colesterol, desde que não seja frito. Qualquer pessoa pode comer de dois a quatro ovos por semana.
 
Salvação por vitaminas
A vitamina E tem sido muito procurada como uma aposta de redução de riscos cardíacos. Não há nada provado até hoje que tem benefício, como se previa no passado.
 
Comer doce é prejudicial para o colesterol
Doce não aumenta o colesterol, a não ser que tenha gordura trans em seu ingrediente ou gordura saturada. O açúcar em si não gera colesterol. O que acontece é que o açúcar pode provocar aumento de peso, alterando o processo metabólico do indivíduo como um todo e isso pode gerar aumento dos triglicerídios e a redução do HDL, que é a fração protetora do colesterol.
 
Fonte: Luiz Carlos Bodanese, cardiologista e professor da PUCRS, e Justo Leivas, presidente da SOCERGS.

Zero Hora

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