Foto: Reprodução A diarreia é uma defesa do corpo para eliminar vírus, bactérias ou parasitas, os três principais causadores da doença |
A diarreia é uma defesa do corpo para eliminar vírus, bactérias ou parasitas, os três principais causadores da doença. Junto com esses micro-organismos, saem água, sais minerais e outros nutrientes, além das fezes, que se tornam mais líquidas e intensas.
Por ser um mecanismo para combater invasores, o problema não deve ser interrompido por remédios, e passa sozinho em dois dias a duas semanas. Os primeiros momentos são os piores, em que há mais volume de cocô e/ou vômito. Após três dias, a mucosa do intestino é capaz de se regenerar totalmente.
Quem tirou todas as dúvidas sobre o tema no Bem Estar foi a pediatra Ana Escobar, ao lado do clínico geral e infectologista Paulo Olzon. Por dia, o Brasil registra mais de 4 mil novos casos e 15 mortes por diarreia, que se não tratada da forma correta – com a hidratação do paciente – pode até matar, principalmente crianças menores de 1 ano.
Essa infecção ocorre principalmente pela falta de saneamento básico ou higiene, alimentos e água contaminados. Lavar e desinfetar superfícies, utensílios e equipamentos antes da preparação da comida, além de proteger a cozinha contra insetos e animais de estimação, são passos fundamentais.
Outro gesto simples, como guardar o açucareiro na geladeira para evitar formigas, é capaz de impedir a transmissão, que ocorre de pessoa para pessoa. Outras medidas básicas são: dar descarga com a tampa do vaso sanitário fechada e manter o lixo sempre tampado, já que o contágio pode acontecer em um raio de até seis metros.
Além de micróbios, fatores emocionais, como estresse ou nervosismo, e uma descarga de adrenalina podem desencadear a diarreia.
A principal recomendação é tomar muito líquido – como água, água de coco, sucos, chás, isotônicos e o soro de reposição oral (disponível nos postos de saúde) –, manter uma alimentação leve e esperar que a situação passe. Refrigerante não deve ser consumido nesse caso.
Situações mais graves, em que o indivíduo fica sem forças e desnutrido, exigem internação. O paciente também pode apresentar náusea, vômito, febre, dor abdominal e até sangue ou muco nas fezes.
Na superfície intestinal, há uma série de ondinhas (vilosidades) que servem para "atrasar" o trânsito dos alimentos e favorecer a absorção dos nutrientes. Bactérias, por exemplo, grudam no topo dessas vilosidades, e as substâncias ruins (toxinas) produzidas por elas abrem uma espécie de "comporta" na parte de baixo da onda, liberando água das células. A água leva embora as toxinas e também os nutrientes, acelerando todo o trânsito intestinal.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece para menores de 1 ano uma vacina contra um dos vírus causadores da diarreia infecciosa, o rotavírus. A primeira dose deve ser tomada entre 1,5 mês até 14 semanas e a segunda, entre 14 semanas e 5,5 meses. O intervalo mínimo entre elas deve ser de 30 dias.
Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de 2000 a 2009 o país teve 49.573 mortes por diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível. Por ano, foram 5,5 mil óbitos.
A taxa de mortalidade para cada 100 mil habitantes variou, entre 2000 e 2009, de 27,18 para 85,21 (mais que triplicou) em menores de 1 ano; de 2,37 a 4,11 (quase dobrou) na faixa etária de 1 a 4 anos; de 0,18 a 0,38 (mais que dobrou) na faixa de 5 a 9 anos; e de 1,58 para 2,18 (aumento de 40%) em maiores de 10 anos.
Na região Norte, o índice passou de 2,80 para 3,88 (aumento de quase 40%); no Nordeste, de 3,53 para 5,89 (aumento de quase 70%); no Sudeste, de 1,34 para 2,07 (aumento de mais de 50%); no Sul, de 1,21 para 2,30 (aumento de 90%); e no Centro-Oeste, de 1,82 para 3,02 (aumento de 65%). As regiões Sul e Nordeste são, portanto, as que tiveram uma maior elevação de óbitos no período.
Sinais clínicos para identificar a gravidade da diarreia:
- Dobrar a pele da barriga (na criança) ou da testa (no idoso). Se ela demorar para voltar, pode ser sinal de desidratação
- Dobrar a pele da barriga (na criança) ou da testa (no idoso). Se ela demorar para voltar, pode ser sinal de desidratação
- Pressão arterial abaixo do normal (12 por 8), o que pode indicar desidratação
- Aumento da frequência cardíaca: o sangue circula mais rápido em caso de desidratação. Os batimentos por minuto sobem, por exemplo, de 80 para 120
- Secura da boca, língua ressecada e sede
- Apertar as unhas e abrir e fechar as mãos para observar a irrigação sanguínea. Se o sangue demorar para retornar, pode ser desidratação
- Urina concentrada, de cor amarelo escuro
- Olhos fundos, principalmente em crianças
- Prostração. Não conseguir fazer atividades normais é sinal de alerta e exige uma ida ao pronto-socorro
Medicamentos
A automedicação é muito ruim e pode piorar o quadro de diarreia. A indicação de antibióticos só pode ser feita por um médico e ocorrer quando o benefício for inquestionável, pois a doença aguda, em grande parte das vezes, tem um curso limitado.
Medicamentos
A automedicação é muito ruim e pode piorar o quadro de diarreia. A indicação de antibióticos só pode ser feita por um médico e ocorrer quando o benefício for inquestionável, pois a doença aguda, em grande parte das vezes, tem um curso limitado.
Se a diarreia for provocada por vírus, não há tratamento com remédio, apenas cuidados de suporte, como a hidratação do paciente. Em caso de diarreia por parasitas, utilizam-se medicamentos específicos, de acordo com o animal responsável.
Purificação de água
Se a água para beber não for potável, deve-se tratá-la por fervura e/ou cloração com hipoclorito de sódio a 2,5% (distribuído gratuitamente em todos os postos de saúde do Brasil). Pingue duas gotas para cada litro e deixe agir por 30 minutos.
Se a água para beber não for potável, deve-se tratá-la por fervura e/ou cloração com hipoclorito de sódio a 2,5% (distribuído gratuitamente em todos os postos de saúde do Brasil). Pingue duas gotas para cada litro e deixe agir por 30 minutos.
Após tratada, armazene a água em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar um novo contágio. Não use água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados.
G1
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