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terça-feira, 20 de maio de 2014

Por motivos diferentes, worklovers e workaholics pecam pelo excesso

Por motivos diferentes, worklovers e workaholics pecam pelo excesso Krzysztof Szkurlatowski/freeimages
Foto: Krzysztof Szkurlatowski / Freeimages
Saiba as diferenças entre os perfis e descubra se você se enquadra em um deles
 
Mergulhar em tarefas que tiram o sono e desmarcar compromissos familiares para fazer hora-extra no trabalho são sinais quase inevitáveis do tempo atual. Aposto que você já começou a se identificar. Então, preste atenção aos sinais: se sentiu palpitação só de pensar na vida perdida com tanta dedicação à profissão, pode ser que você seja workaholic. Agora, se o assunto lhe trouxe a sensação de que esta matéria pode ter dicas de como melhorar o desempenho no trabalho que você tanto ama, a tendência é de que seja um worklover.
 
Essa definição de quem extrapola a carga horária por paixão completa 10 anos em 2014. Especialistas divergem quanto aos efeitos do excesso no organismo, independentemente do sentimento envolvido, mas concordam em um ponto: quanto mais significado o trabalho tiver para a pessoa, maior será o prazer.
 
Desde que o termo foi cunhado, muita coisa mudou, a começar pela geração Y, pessoas que hoje têm de 23 a 33 anos. Segundo a psicóloga Simoni Missel, com eles o conceito de carreira se transforma:
 
— As premissas para a carreira desta geração é maior satisfação social, interesse individual pela liberdade e maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
 
Workaholics podem ter problemas de memória
O psicólogo social e criador do conceito de worklover, Wanderley Codo, pesquisa o envolvimento das pessoas com o trabalho desde a década de 1980 e acredita que foram as relações de trabalho que mudaram no século 21.
 
— A tendência é de que os worklovers aumentem muito, porque o trabalho está cada vez mais interessante. As pessoas reinventaram seus trabalhos, cresce o número de autônomos e a informática ajudou a deixar tudo mais divertido. Isso, mais do que uma geração, foi o responsável por ter mudado muito o conceito de trabalho — avalia Codo, que é professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB).
 
Os principais sinais de alerta estão ligados ao workaholic, que tem mais dificuldades em lidar com a pressão e vive estressado, podendo desenvolver problemas físicos envolvendo a memória e o coração, por exemplo. Mas o worklover não está livre das peculiaridades de quem trabalha demais: cobrança da família por atenção, falta de tempo para o lazer, dificuldade de relacionamento com os filhos e por aí vai.
 
— As coisas boas na vida também são as que mais nos provocam sofrimento — diz Codo.
 
Para o psiquiatra Renato Piltcher, o trabalho é também uma forma de defesa psíquica:
 
— Pode ser que uma pessoa com satisfação em trabalhar 10, 12 horas esteja fugindo de determinadas dores da consciência de ser humano, como a finitude, a passagem do tempo, a ameaça de perder quem se ama. Questões interiores pressionam a busca por uma ideia de segurança para aliviar a dor psíquica.
 
O temido estresse
Amando ou não o trabalho, ninguém está livre dele
 
Como age
A resposta ao estresse é um fenômeno que envolve alterações biológicas. Para lidar com perigos passageiros, o hipotálamo dispara adrenalina. Como forma de defesa, o cortisol é liberado para normalizar o organismo. Se o indivíduo vive situações-limite a todo instante e não sabe lidar com elas, o organismo produz proteção em excesso, afetando diversas áreas do corpo, como o cérebro, coração etc.
 
Como lidar
 – Reserve um espaço para fazer o que gosta, principalmente, dormir com qualidade por, no mínimo, seis horas
 
– Evite o acúmulo de informações e só se comprometa com aquilo que terá condições de fazer
 
– Para relaxar, faça a respiração abdominal: jogue o ar para fora dos pulmões. Respire pelo nariz enchendo os músculos abdominais, como se fosse um balão, e solte pelo nariz
 
Worklover
O criador da definição de worklover, Wanderley Codo, diz que o mecanismo desencadeante da paixão pelo trabalho é o controle:
 
— Todo trabalho implica controle sobre o mundo, pois você está produzindo algo que não tinha antes. Só que alguns trabalhos permitem que você saiba que exerce este controle e outros não. Os que sabem são mais felizes. Além disso, é o profissional que percebe a importância e a transformação que seu trabalho causa na sua vida, na vida de outras pessoas ou mesmo na humanidade.
 
Alguns especialistas dizem que a diferença entre o worklover e o workaholic é a falta de vício no primeiro e a ausência de paixão na atividade do segundo.
 
Pessoas com perfil mais flexível, alegres, entusiasmadas com a vida, dinâmicas e com facilidade de relacionamento estão mais propensas a se transformarem em worklovers. Áreas de criação, design, marketing, artes, humanas, comercial, além de professores, jornalistas e escritores são algumas das funções em que mais se encontram apaixonados pelo que fazem.
 
Marcelo Dratcu, especialista em medicina comportamental, acredita que o worklover está propenso a virar um viciado. Wanderley Codo discorda:
 
— Uma boa maneira de não ser workaholic é fazer o que gosta ou entender o que você faz e aprender a gostar disto. Não vejo traços de um viciado no worklover.
 
Renato Piltcher acredita que o fato de amar muito o que faz aumenta os fatores de proteção, mas não blinda do mal:
 
— Gostar do que faz está dentro das coisas mais saudáveis do que diz respeito a trabalhar em qualquer quantidade. Apesar de o workaholic ter mais chances de adoecer por trabalhar muito, seja o corpo ou a mente, o worklover também pode ter problemas.
 
Como é?
— Trabalha por paixão e tem maior produtividade

— A remuneração não é o mais importante

— Trabalha com bom humor e alegria

— Comemora e compartilha os bons momentos e as conquistas

— Tem rede de relacionamentos e vida social

— O estresse é moderado
 
De onde vem o termo?
Surgiu em 2004 para se contrapor ao workaholic, porque muitas pesquisas chamavam de viciados qualquer pessoa que gostasse do trabalho. Foi uma intervenção na precisão da terminologia, explicou Codo, o criador.
 
Workaholic
O conceito já ganhou nome e número no catálogo das doenças psiquiátricas. Trata-se de um vício, como o álcool ou outras drogas. São os casos que precisam de maior atenção, pois podem desenvolver problemas físicos e psíquicos de esgotamento. É comum sentir dores. Esta "chegada ao limite" também pode ser chamada de Síndrome de Burnout — um distúrbio psíquico que se desenvolve a partir da fadiga física e mental com intervalos curtos de recuperação, como o descanso e o sono.
 
O psicólogo Jose Roberto Leite, professor do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que as duas formas são capazes de estressar, mas quando a exigência psicológica é uma tortura, pode diminuir a imunidade do organismo e ter consequências cognitivas, cardiovasculares e neurológicas. Ele convida a pensar sobre como o tempo está sendo ocupado:
 
— Somos especialistas em protelar e temos o sério defeito de perder tempo. Você já parou para pensar que quatro pausas para um cafezinho de 30 minutos comem duas horas do seu expediente?
 
Como é?
— Está no catálogo das doenças psiquiátricas

— Obsessivo, competitivo e desorganizado

— A remuneração vale mais do que o prazer

— O trabalho é pesado com uma boa dose de obrigação

— Não comemora as vitórias, as considera sua obrigação

— Pouco relacionamento e vida social

— Alto nível de estresse

— A pessoa foge da vida dela pelo trabalho
 
Presenteísmo, uma variação
O médico Marcelo Dratcu vem trabalhando com um problema muito presente nas empresas, que pode ser um efeito colateral dos workaholics: o presenteísmo. São aquelas pessoas que estão de corpo presente por muitas horas do dia, mas deixaram de produzir. De tão infelizes e desorganizadas, acabam tendo uma baixa performance e causando perdas financeiras para as organizações. Com frequência, ocorre com workaholics que não buscaram diagnóstico.
 
— Quando um funcionário fica fora da empresa por alguns dias para tratar de um problema de saúde, a produtividade se perde apenas durante aquele período. Já aquele que não se trata e vai trabalhar doente, além de não produzir tudo o que poderia, faz o problema arrastar-se por um tempo muito maior, de dias ou até meses com baixa produtividade — avalia Dratcu.
 
Zero Hora

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