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| Foto: Charles Dias / Especial Etiquetas com a data corrigida foram coladas nas embalagens do remédio |
Período para uso do medicamento distribuído nos postos para tratamento da gripe passou de 48 para 60 meses
Quando a aposentada Cristina Koenig, 57 anos, precisou fazer uso do Tamiflu para tratar uma forte gripe, levou um susto. Ao retirar o remédio na farmácia do Hospital Getúlio Vargas, em Estância Velha, observou uma etiqueta que ampliava a data de validade em um ano. Assustada, ela não tomou o medicamento e ainda tentou buscar, junto com o médico que lhe atendeu, uma nova caixa na rede pública da cidade vizinha de Lindolfo Collor.
Não adiantou muito. Lá, o remédio também estava com a etiqueta, assim como os outros 17 mil distribuídos nas unidades de saúde do Rio Grande do Sul. Desde outubro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Ministério da Saúde a ampliar em um ano, passando para 60 meses, a validade do fosfato de oseltamivir 75mg, o Tamiflu.
A primeira ampliação foi em 2009, e a segunda, em 2012. A aprovação permanente só foi feita em outubro do ano passado, quando a Anvisa autorizou o ministério a revalidar cerca de 4 milhões de tratamentos estocados no Serviço de Armazenamento de Medicamentos (SRMSA), em Brasília. A justificativa, segundo a nota técnica 335/2013 enviada para as secretarias estaduais da Saúde, é que a medida é "fundamental para o planejamento do governo brasileiro visando ao suprimento do fosfato de oseltamivir cápsula (Tamiflu) na rede pública de saúde".
Para Maurício Schüler Nin, doutor em farmacologia e membro do Conselho Regional de Farmácia, essa medida traz riscos.
— A revalidação pode levar a população a pensar que outros medicamentos vencidos que se tem em casa também podem ser ingeridos. Isso é um perigo para a saúde, um risco desnecessário — diz Nin.
Segundo a Anvisa, análises de laboratório garantiram a eficácia do medicamento que teve a data de validade estendida. Somente as embalagens que estavam estocadas no SRMSA tiveram o prazo ampliado — o que estiver guardado em outros locais deve ser descartado porque não é possível atestar a qualidade e a temperatura à qual as embalagens foram expostas. Ainda de acordo com a Anvisa, decisões de outras agências sanitárias e relatório técnico do fabricante foram levados em conta para a decisão.
Desde o ano passado, o Tamiflu não é mais vendido em farmácias da rede privada. O medicamento é distribuído de forma gratuita somente em unidades de saúde pública, inclusive para quem consultou fora do SUS.
Zero Hora
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