… que os hospitais públicos ‘naturalmente’ assistem mal a população por causa disso;
… e por isso precisamos pagar o plano de saúde.
Não é verdade – dinheiro tem e muito: o problema é que não chega ao sistema de saúde.
Não é uma afirmação leviana, basta analisar os números que nos são apresentados o tempo todo.
Vamos começar com o orçamento público para a saúde: a constituição e as leis complementares exigem que pelo menos 10 % da arrecadação dos impostos sejam destinados no orçamento para a saúde.
Considerando os repasses do âmbito federal para o estadual (ou distrital), e do estadual para os municípios, de tudo que se arrecada 10 % deve ir para a saúde.
Parece ‘micharia’ quando falamos em 10 %, afinal pode-se pensar que 10 % de nada é nada !
Mas se você mora em São Paulo e alguma vez passou pela Rua Boavista, deve ter visto o impostômetro, que estima (por baixo) o quanto o governo arrecadou de impostos até o momento, e nesta semana chegou à ‘bagatela’ de R$ 800 bilhões.
Mesmo os mais pessimistas acreditam que em 2011 será arrecadado R$ 1,5 trilhão !!!!!
Fazendo ‘conta de padeiro’, o que deveria ser destinado à saúde são R$ 150 bilhões. Bem … é o que a lei diz.
A ‘pergunta que não quer calar’ é por que este dinheiro não chega à saúde ?
Tenho que acreditar que não chegou, porque:
- Daria para construir pelo menos 150 novos hospitais por ano;
- Daria para pagar salário digno para 1 milhão de médicos (1 médico para cada 200 habitantes !!!!!);
- Poderia comprar medicamentos para curar a humanidade inteira;
… é dinheiro ‘a bessa’.
Se você trabalha em plano de saúde:
- Daria para o governo pagar um plano de saúde para 200 milhões de habitantes com um prêmio mensal de 62,50 por mês;
- Conhece alguma seguradora que recusaria uma proposta destas ? … 200 milhões de vidas com ticket de R$ 62,50 !!!!
Já passou da hora de parar de reclamar que não existe dinheiro – é mais do que evidente que o problema da saúde é a gestão pública que não o faz chegar onde deveria.
Nosso sistema de repasse dos impostos é tão confuso que ninguém consegue rastrear o que acontece entre a origem e o destino da receita – ficamos perdendo tempo com ‘formiguinhas’ como a necessidade de controlar o ponto dos servidores e não damos atenção ‘ao elefante’ do controle para que tenhamos nossos R$ 150 bilhões na saúde.
Vai construir estádio às custas de isenção de impostos ? Nenhum problema, desde que aumente de 10 % para x % a verba da saúde de modo a garantir nossos R$ 150 bilhões. Tire a isenção dos outros gastos do governo e preserve o que seria da saúde.
Nada contra a construção de estádios, PAC, ou qualquer ação governamental que resulte em beneficio à população e ao crescimento.
Desde que fique para a saúde o que é de direito … sem truques !
Enio Salu
Fonte SaudeWeb
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