Engenheiro biomédico israelense desenvolveu sistema de imagens via celular para o diagnóstico da doença fatal
Um pesquisador israelense desenvolveu uma tecnologia não invasiva de baixo custo para o diagnóstico e monitoramento da malária utilizando-se de uma simples câmera fotográfica de celular.
Alberto Bilenca, do departamento de engenharia biomédica da Bem-Gurion University – BGU, de Negev (Israel), recebeu da Fundação Bill e Melinda Gates uma bolsa no valor de cem mil dólares para o desenvolvimento da tecnologia em parceria como Linnie Golightly, da Universidade Cornell, de Nova York.
A malária, doença infecciosa causada por um parasita transportado por mosquitos infectados, é a segunda maior causa de mortalidade na África – a primeira é o HIV. Aproximadamente 85% das mortes relacionadas à malária ocorrem em crianças abaixo dos cinco anos de idade, em um índice anual de 3.000 mortes. As crianças são particularmente suscetíveis à malária cerebral, forma da doença que costuma levar à morte.
O dispositivo desenvolvido por Bilenca não somente é capaz de diagnosticar a malária como pode determinar, com precisão, o estágio no qual se encontra a doença – fator crucial para a escolha do tratamento.
Um protótipo do sistema de imagens via celular está sendo desenvolvido e passará por testes de campo na África em 2012. O próximo passo será testar o sistema para a detecção do pigmento da malária em um laboratório de Cornell.
Simples e barato
Uma grande vantagem do novo dispositivo para o mundo emergente é o baixíssimo custo, conseguido com uma lente especial, de apenas US$15, acoplada a um telefone celular com câmera. Outra vantagem é a transmissão imediata das imagens para os laboratórios, sediados na África ou em outros continentes, para o diagnóstico feito por especialistas. A técnica é amplamente utilizada atualmente entre pesquisadores trabalhando na África que não dispõem de instalações sofisticadas.
Por meio de imagens do olho ou da pele do paciente, o dispositivo pode detectar o pigmento hemozoina, indicador da presença da malária no organismo. O parasita da doença ataca as células dos glóbulos vermelhos, gerando hemozoina durante o processo. O pigmento altera a orientação da luz refletida a partir do tecido, que se torna visível com o uso da lente acoplada ao celular com câmera.
“Muitos dispositivos são focados no diagnóstico, mas não no monitoramento da severidade da doença. Tentamos realizar as duas coisas. Muitas vezes, em vilarejos africanos, é preciso decidir se vale a pena, em termos de custo, transportar uma criança até um hospital – geralmente situado a grandes distâncias. Esperamos que nosso dispositivo ajude a determinar quais pacientes necessitam de hospitalização, pois não é possível levar todas as pessoas infectadas pela malária até um hospital”, explica Bilenca.
O monitoramento da severidade da doença é realizado por meio da análise da circulação sanguínea, pois à medida que o pigmento da malária é liberado na corrente sanguínea ele começa a bloqueá-la, diminuindo a circulação. A imagem do olho do paciente captada pelo dispositivo é especialmente eficaz para monitorar a circulação sanguínea em direção ao cérebro devido à grande transparência do olho, que permite que uma grande quantidade de luz o penetre e ilumine as células sanguíneas. O monitoramento da circulação sanguínea no cérebro é crucial para a detecção da malária cerebral, a forma mais grave da doença.
Tecnologia israelense
Bilenca, que passou a integrar a faculdade de BGU da Escola de Medicina da Harvard em setembro de 2010, primeiramente desenvolveu o sistema de imagens para análise da corrente sanguínea, idéia que tem diversas aplicações.
“Alterações na corrente sanguínea estão relacionadas a muitas outras condições de saúde. Comecei examinando a relação entre a corrente sanguínea e a malária e percebi que poderíamos fazer algo a partir dali”, explica.
A verba concedida pela Fundação Gates para o projeto de Bilenca faz parte das 88 bolsas distribuídas a 25 países para apoiar iniciativas em prol do aprimoramento da saúde mundial. O objetivo é ajudar a diminuir as barreiras para o desenvolvimento de idéias criativas para a saúde mundial.
“Em termos físicos e científicos, estas técnicas para a detecção da malária já são conhecidas há 30 anos. A novidade é que agora estamos incorporando as mesmas ao telefone celular” diz Bilenca.
Fonte IG
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