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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tratamentos estéticos sob suspeita

o há estudos científicos consistentes que comprovem a eficácia de técnicas populares, como carboxiterapia, alertam especialistas

Perder aquela gordurinha localizada sem sofrimento e acabar de vez com celulite, estrias e flacidez é a promessa de tratamentos populares como carboxiterapia, mesoterapia e lipoaspiração a laser. Mas não há evidências científicas sólidas sobre eficácia e segurança desses procedimentos.

Ayrton Vignola/AE
Ayrton Vignola/AE
'Rasguei dinheiro.' A gerente financeira Andreza Lima de Castro conta que tratamento a fez apenas perder líquidos

O alerta é do presidente da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética, Felmont Eaves. O conceito de medicina baseada em evidências, diz ele, ainda não chegou às cirurgias plástica e aos tratamentos estéticos. "O que escutamos nos encontros médicos é: "Tenho feito assim com meus pacientes e eles gostam." Mas isso não é ciência de qualidade", diz Eaves, ao defender a necessidade de estudos mais consistentes.

Para o cirurgião, a lipoaspiração a laser é um exemplo emblemático. O tratamento custa pelo menos R$ 15 mil - o dobro da lipoaspiração convencional - e promete recuperação mais rápida e menos dolorosa.

Mas um levantamento feito a pedido do Estado pelos pesquisadores Álvaro Atallah e Edina Koga, do Centro Cochrane do Brasil, encontrou apenas dois estudos que comparavam as duas técnicas. E pior: só um deles apresentou resultados favoráveis à lipoaspiração a laser.

Segundo os pesquisadores, são evidências de baixa qualidade, que não permitem afirmar qual é o melhor método. "Muitas dessas novas tecnologias são um problema, pois as empresas começam a vendê-las antes mesmo de estudá-las", diz Eaves.

No caso da lipoaspiração sem cirurgia, feita com um aparelho de ultrassom, a falta de comprovação é ainda mais gritante: apenas um estudo de relato de caso foi encontrado. O mesmo acontece com a carboxiterapia.

Sobre a mesoterapia, Atallah e Edina encontraram diversos relatos de casos, alguns sobre complicações associadas ao procedimento, e apenas um ensaio controlado sem resultado positivo. Em revisão da literatura nos Anais Brasileiros de Dermatologia, pesquisadores disseram haver poucos estudos com metodologia rigorosa sobre a técnica - e a maioria aborda complicações.


Popularidade. Mas esses tratamentos têm se tornado cada vez mais populares, principalmente após o surgimento dos sites de compras coletivas, que oferecem descontos de até 90% em algumas clínicas.

Na avaliação do cirurgião plástico Eduardo Lange, a maioria das técnicas usadas em clínicas de estética ajuda a diminuir a retenção hídrica, muito comum nas mulheres, o que pode levar à falsa impressão de perda de gordura. "Além disso, pedem que as pacientes façam regime e drenagem linfática."

Foi o caso da vendedora Sheila (nome fictício), de 35 anos. "Comprei dez sessões de mesoterapia por R$ 2 mil", conta. Ao longo de dois meses de tratamento, perdeu cerca de 3 quilos, mas atribui o fato à "dieta de fome" que lhe passaram na clínica. "Vi que estava pagando caro para fazer regime, o que eu poderia ter feito em casa, sozinha. Chegou uma hora que nem com a dieta emagrecia mais."

Outra insatisfeita é a administradora de empresas Andreza Lima de Castro, de 33 anos. "Rasguei dinheiro", diz ela sobre os R$ 1 mil que pagou por cinco sessões de lipoaspiração sem cirurgia. "Na hora, parece que faz efeito, mas passam uns dois ou três dias e volta tudo ao normal. Perdi apenas líquidos."
ESTUDOS CIENTÍFICOS
Nível 1 (o mais alto)Revisão sistemática da literatura ou metanálise: é a comparação de ensaios clínicos semelhantes feitos sobre um tratamento.

Nível 2
Ensaios clínicos randomizados com mais de mil casos: pacientes aleatoriamente divididos; um grupo recebe o tratamento e o outro é controle. Ensaios clínicos duplo-cego: nem pacientes nem cientistas sabem qual grupo recebe o tratamento pesquisado.

Nível 3Ensaios randomizados com menos participantes (50, por exemplo).

Nível 4Estudo caso-controle: pesquisa em que se compara dois grupos tratados de forma diferente.

Nível 5Opinião do especialista e relatos de casos.

Fonte Estadão

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