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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma rotina de mamografia personalizada



Pesquisa indica que o calendário e a frequência de exames devem ser definidos de forma individual

Nova pesquisa sugere que a freqüência dos exames de mamografia para prevenção do câncer deveria ser personalizada para cada mulher, com base em fatores como idade e densidade das mamas.

“Um mesmo calendário para todas as mulheres, com base apenas na idade, não é o melhor método”, afirma o Dr. John Schousboe, diretor de pesquisa do Nicollet Health Services, de Minneapolis e professor da Universidade de Minnesota, que conduziu o estudo.

“Cada mulher deveria decidir com que freqüência realizar as mamografias com base nos riscos que ela apresenta”, disse o especialista.

Ele diz que, além da idade, outros fatores deveriam ser considerados – como densidade das mamas, histórico de biopsia na região, histórico familiar da doença e a própria opinião da mulher em relação aos benefícios

Publicados no dia 5 de julho no periódico Annals of Internal Medicine, os resultados da pesquisa desafiam as normas de organizações americanas que têm como base a idade da mulher, como a Sociedade Americana do Câncer e a Força Tarefa de Serviços Preventivos, possivelmente reativando o debate em torno dos exames de câncer de mama por imagem.

Em 2009, a Força Tarefa de Serviços Preventivos recomendava que a decisão de iniciar exames regulares a cada dois anos antes dos 50 anos de idade deveria ser discutida entre a mulher e seu médico. A organização aconselha a realização do exame a cada dois anos para as mulheres entre os 50 e os 74 anos de idade.

Entretanto, a Sociedade Americana do Câncer e outras organizações recomendam que o exame seja realizado anualmente a partir dos 40 anos de idade.

Na nova pesquisa, Schousboe e sua equipe avaliaram dados de mulheres americanas participantes dos estudos Breast Cancer Surveillance Consortium e Surveillance Epidemiology and End Results (SEER) do Instituto Nacional do Câncer daquele país.

A equipe desenvolveu um modelo comparativo de custos e benefícios à saúde oferecidos por exames realizados a cada ano, a cada dois anos, a cada três ou quatro anos ou nunca realizados.

Os resultados se aplicam à população em geral, não especificamente às mulheres portadoras de mutações genéticas conhecidas por BRCA1 ou 2 – que elevam os riscos do câncer de mama.

Concluiu-se que a realização dos testes a cada dois anos para mulheres entre os 40 e os 49 anos de idade teria uma melhor relação custo-benefício para as mulheres com riscos acima da média.

A equipe constatou que a mamografia realizada a cada três ou quatro anos não apresentou uma boa relação custo-benefício para mulheres entre os 50 e os 79 anos com baixa densidade nas mamas ou nenhum outro fator de risco.

Já a realização anual do exame não se mostrou eficaz em termos de custo para nenhum dos grupos, indiferentemente da densidade das mamas ou da idade da mulher.

Schousboe aconselha às mulheres que queiram monitorar os quatro fatores de risco a realização da primeira mamografia aos 40 anos de idade para a verificação da densidade das mamas.

Para chegar aos resultados, foram avaliados os quatro fatores de risco. Os pesquisadores presumiram que todas as participantes eram saudáveis no início dos estudos, mas poderiam progredir para seis categorias diferentes, variando entre bom estado de saúde até a morte por câncer de mama ou por outras causas.

Foi então feita uma estimativa de quantas mamografias adicionais seriam necessárias para evitar a morte por câncer de mama nas participantes que realizaram uma mamografia a cada três ou quatro anos em comparação àquelas que não passaram por este tipo de exame, e o grupo que realizou o exame a cada dois anos foi comparado ao grupo que passou pelo exame a cada três ou quatro anos.

Foi também feita uma estimativa do custo de cada calendário de mamografia para cada ano de vida ajustado por qualidade, uma medida estatística. A equipe também analisou como uma interpretação “falsamente positiva” deste tipo de exame poderia impactar a qualidade de vida da mulher.

Para Robert Smith, diretor do departamento de exames da Sociedade Americana do Câncer, este tipo de estudo tem suas limitações. O especialista está familiarizado com as descobertas, mas não participou da pesquisa.

“Um modelo não é o mesmo que a vida real. Não há dúvidas de que a idade mais avançada, maior densidade das mamas, histórico familiar da doença ou histórico de biopsia na região aumentam os riscos de câncer de mama”, ele diz.

Além da genética

Entretanto, o especialista complementa que a maioria das mulheres diagnosticada com câncer de mama não tem um histórico familiar da doença. Segundo ele, os fatores de risco avaliados no estudo são os principais, mais não os únicos.

Na opinião do especialista, a avaliação da densidade das mamas é imprecisa. Ele diz que se 10 radiologistas tiverem de classificar a densidade de mamas de determinada mulher, é provável que cada um apresente uma classificação diferente.

Fonte IG

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