As crianças alimentadas em exclusivo com leite materno durante mais tempo têm menor probabilidade de contrair a infeção pela bactéria helicobacter pylori, que pode causar cancro do estômago, concluiu um estudo coordenado por Nuno Lunet.
O trabalho “Prevalência e determinantes da infeção por helicobacter pylori no início da vida: resultados de uma coorte de nascimento portuguesa”, de Nuno Lunet, investigador da Faculdade de Medicina do Porto, recebeu hoje o Prémio de investigação científica Dr.ª Maria Odette Ferreira-Santos, atribuído, pela primeira vez, pela Ordem dos Farmacêuticos.
O objetivo foi quantificar a prevalência de infeção por helicobacter pylori em crianças portuguesas com idade entre quatro e cinco anos, e identificar os fatores que contribuem para a ocorrência da infeção no início da vida.
Em declarações à Lusa, Nuno Lunet explicou que cerca de 26 por cento das 1.100 crianças entre os quatro e os cinco anos envolvidas no estudo estavam infetadas pela bactéria e concluiu também que a prevalência é maior em crianças que desde muito cedo frequentam infantários.
“A frequência da infeção é elevada e isso faz-nos prever que nesta geração o cancro do estômago continue a ser um problema de saúde pública importante no nosso país”, afirmou o investigador, referindo que a transmissão da bactéria ocorre, sobretudo, por via fecal-oral.
Por outro lado, salientou Nuno Lunet, “ao identificar-se os fatores, que são modificáveis, associados à ocorrência da infeção, pode-se constituir a base para medidas que contribuam para controlar a ocorrência da infeção nas crianças”.
Em Portugal, cerca de 70 por cento da população adulta está infetada, sendo na maior parte dos casos a infeção adquirida na infância. Cerca de 90 por cento das úlceras duodenais e 70 por cento das úlceras do estômago estão relacionadas com a helicobacter pylori.
O estudo agora premiado “é uma pequena parte de uma investigação de maior dimensão”, que é o projeto Geração XXI, o primeiro estudo do seu tipo alguma vez realizado em Portugal, que reuniu uma amostra de cerca de 8.500 recém-nascidos nos hospitais públicos com maternidade, da grande área metropolitana do Porto (S. João, Santo António, Pedro Hispano, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Maternidade Júlio Dinis), entre abril de 2005 e agosto de 2006.
Este projeto foi criado com a finalidade de identificar características da gravidez e das fases precoces da infância que se relacionem com o desenvolvimento e estado de saúde em fases subsequentes da vida.
As avaliações do projeto Geração XXI, atual e futuras, poderão ser encaradas como linhas de monitorização do estado de saúde e dos seus determinantes nas crianças portuguesas e desta forma ter um importante papel no planeamento de estratégias de intervenção sanitária, funcionando mesmo como observatório de saúde.
O prémio Dr.ª Maria Odette Ferreira-Santos, no valor de dez mil euros, atribuído pela Ordem dos Farmacêuticos, visa promover a investigação científica do domínio da saúde pública.
A entrega do galardão decorreu durante a sessão solene do Dia do Farmacêutico, que se realizou hoje no Porto.
Fonte Destak
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