Um projeto de inclusão que promete facilitar a vida dos daltônicos foi divulgado em São Paulo nesta semana. O designer português Miguel Neiva criou um sistema de símbolos que permite que pessoas com a deficiência visual identifiquem as cores.
Chamado de ColorADD, o código foi desenvolvido durante oito anos de pesquisa, de 2000 a 2008.
A ideia surgiu quando Neiva procurava um tema para seu mestrado e se deu conta de que não existia nada que ajudasse os daltônicos a entender as cores.
"Eu queria fazer algo que aumentasse a autoestima e a segurança dos daltônicos."
Cerca de 10% da população masculina é daltônica. O problema é herdado da mãe, pelo cromossomo X. Apenas 2% dos casos ocorrem em mulheres.
Existem três tipos de daltônicos. A deuteranopia é o tipo mais comum e responde por metade dos casos. Os portadores desse problema confundem verde com vermelho.
Durante o desenvolvimento do projeto, o designer conduziu um estudo com 146 daltônicos de diversos países.
Ele descobriu que 90,2% dos portadores pedem ajuda para comprar roupa e 41,5% sentem dificuldade de integração social.
"Queria criar um conceito de design que se transformasse em uma ferramenta para melhorar a vida. A cor e a forma são os principais elementos da comunicação universal", afirmou.
O código consiste em pequenos símbolos que identificam as cores primárias -azul, amarelo e vermelho. A união de dois símbolos identifica as cores secundárias -como o verde, que é o amarelo combinado com o azul.
O preto e o branco são identificados por pequenos quadrados. O que simboliza o preto é cheio, enquanto o branco é vazio. Eles podem vir combinados aos símbolos das outras cores para identificar se são claras ou escuras.
Segundo Neiva, o sistema já é usado em algumas cidades portuguesas, como no Porto, onde é aplicado no metrô e em hospitais. Já existem produtos à venda naquele país com o código, como lápis de cor e tintas.
Neiva conta que se reuniu com autoridades de transporte em Londres, para propor o uso do código no metrô local.
O projeto do designer é sustentado com a venda de licenças de uso por cinco anos.
Fonte Folhaonlione
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