Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Portugal: Crise agrava estado de saúde

A doença mental causa grande sofrimento aos doentes e às famílias

"Os meus pais pagam parte dos medicamentos que tomo, são eles que põem o pão em cima da mesa. Se não tivesse a ajuda deles, tinha uma vida ainda mais miserável", revela Francisco (nome fictício), de 47 anos, a quem se reconhece a angústia pela voz. A depressão foi diagnosticada aos 13 anos.

Os 246 euros que recebe de reforma por incapacidade quase não chegam para os remédios: "Tomo sete medicamentos por dia, todos eles agora ainda mais caros do que há uns meses. Um deles é a Paroxetina, cuja embalagem custa cerca de 16 euros, mas só dá para 20 dias. Se aumentarem o preço dos remédios, será insustentável". Francisco é um dos 121 milhões de pessoas que sofrem de depressão em todo o Mundo. Em Portugal, a prevalência na população ronda os 14 por cento.

"O aumento do preço dos medicamentos, nos tempos turbulentos, em termos sociais e económicos que atravessamos, é um factor determinante para o abandono da terapêutica farmacológica, para a recaída, internamento, baixa médica", admite Delfim Oliveira, presidente da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB). Na realidade, acrescenta o responsável, esta situação "acaba por fazer o Estado gastar mais dinheiro", em vez de permitir poupança nas contas do SNS. "Ainda há provavelmente muita alteração que desconhecemos e que poderá ter impacto nestas pessoas já em 2012", admite Delfim Oliveira.

Frequentemente subestimada, devido à inexistência de sintomas alarmantes e de meios complementares de avaliação médica, o diagnóstico de depressão surge, na sua grande maioria, na sequência da descrição dos sintomas pelo próprio doente e graças à sensibilidade dos médicos de família: cerca de 20 por cento dos pacientes de clínica geral revelam sintomas depressivos. "Se os clínicos não estiverem sensibilizados para a hipótese depressiva, correm o risco de ‘tratarem’ os sintomas da doença e não a situação a fundo", explica ainda Delfim Oliveira.

PREVALÊNCIA NA POPULAÇÃO
Em Portugal, a prevalência da doença na população é de 7,9% na sua forma menos grave (a depressão ‘minor’) e de 6,8%, nos casos do tipo ‘major’, cuja gravidade pode levar ao suicídio.

MAIS CONSUMO DE ANTIDEPRESSIVOS
Segundo o Eurobarómetro de 2010, 16% dos portugueses tomaram um antidepressivo no ano anterior e 9% fê-lo durante um período de tempo considerável.

DEMORA NO ACESSO A CONSULTAS
Para Delfim Oliveira, da Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, a resposta do Serviço Nacional de Saúde "tem muito a melhorar". "Há ainda muito a fazer. Era importante garantir um acesso mais ágil a consultas de ambulatório em psiquiatria e psicologia, bem como fornecer às famílias instrumentos mais eficazes para a gestão de situações de crise, em articulação com os hospitais", sugere.

DISCURSO DIRECTO

"PERDA LEVA À DEPRESSÃO", Álvaro Carvalho, Coord. Nacional da Saúde Mental

Correio da Manhã – Há pessoas que têm mais probabilidade de vir a ter uma depressão ao longo da sua vida?
Álvaro Carvalho – Para além das pessoas que tenham antepassados directos com perturbações graves de humor, um número significativo das que sofrem de perdas afectivas, sobretudo na infância, pode vir a ter depressão, tal como as pessoas que têm consumos elevados de álcool.

– Como é que esta doença pode ser tratada?
– As formas ‘minor’, com psicoterapia, individual ou em grupo, associada ou não a medicação antidepressiva. As ‘major’ terão de ser tratadas obrigatoriamente com antidepressivos, eventualmente com um período de internamento, onde se pode considerar a realização de choques eléctricos.

Fonte Correio da Manhã

Nenhum comentário:

Postar um comentário