Ao longo de mais de vinte anos, tantos quantos os que Serafim Ribeirinho já tem de carreira, muito mudou na área da cirurgia estética e reconstrutiva. No que à estética diz respeito, o que era uma área praticamente dominada pelo desejo de mudança no feminino, tornou-se hoje um espaço onde os homens têm cada vez mais protagonismo.
Começou a trabalhar quando os transplantes de cara eram coisa do futuro e até uma simples lipoaspiração mas parecia saída de um filme de ficção científica. Nos longínquos anos 80, os mesmos que deram a Serafim Ribeirinho o título de cirurgião plástico, qualquer pequena intervenção obrigava a internamentos de meses. Trinta anos passados desde que pegou pela primeira vez no bisturi, muita coisa mudou. Como a atenção dada pelas mulheres à vagina.
Segundo dados do Serviço Nacional de saúde britânico, nos últimos dez anos a redução dos lábios vaginais tornou-se uma intervenção cinco vezes mais frequente. Uma tendência que se verifica também por cá. «A cirurgia do órgão genital é muito procurada», confirma, em entrevista ao Destak, o cirurgião. «Antes ninguém fazia ou falava nisso. Agora, é possível ter a vagina mais perfeita, com grande facilidade.»
Se há coisas que nunca mudam, como o desejo, partilhado por tantas mulheres, de ter um peito maior e de perder o inestético pneu, que são, de resto, os pedidos mais comuns no que à estética diz respeito, outras há que confirma que a tradição já não é o que era. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», confirma o especialista. «Os homens procuram-nos cada vez mais e pedem para fazer depilações, não gostam das rugas, querem pôr cabelo, arranjar o nariz, tirar a papada, tudo intervenções que até não são assim tão complicadas.»
E embora continuem a ser elas a procurar mais a ajuda dos cirurgiões plásticos, a diferença é cada vez mais pequena. «Hoje, 20 a 30% das pessoas que opero são homens, que também gostam de ter um corpo perfeito», confirma o médico.
Crise a quanto obrigas
«Para mim, uma das grandes revoluções na área da cirurgia reconstrutiva foi a descoberta da forma como o sangue circula na pele, o que permitiu passar a cortá-la sem que ela morresse», recorda o cirurgião. E aproveita ainda para destacar a lipoaspiração, ou seja, a descoberta de que era possível retirar a gordura, como um dos grandes marcos na área da estética.
Ao lado das mudanças, que prometem continuar, está a preocupação com os perigos de uma crise que não poupa os cuidados médicos. «Muitos são os que gostariam de fazer uma intervenção e não têm dinheiro. Até há pouco tempo os bancos financiavam, mas agora isso já acabou», refere Serafim Ribeirinho, que admite ter baixado os preços praticados na sua clínica. E os cortes não se devem ficar apenas pela área estética. «Ao nível da reconstrução isso vai ser, infelizmente, uma realidade. Todos vamos ter que assumir a crise e muitas pessoas vão ter que ser elas a pagar as intervenções
E confirma os «traumas terríveis» que muitos têm, resultado de imperfeições que podem parecer apenas um mal menor. «Não podemos dizer a alguém que só porque tem um nariz menos direito que isso não é importante. Todos temos os nosso problemas e temos direito a resolvê-los. E é isso que é a definição de saúde...».
Fonte Destak
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