No último ano nenhuma criança foi infectada pela doença; se isso for mantido, em seis semanas a doença deixará de ser considerada endêmica no país
No último ano nenhuma criança foi infectada por poliomielite na Índia e se isso for mantido, em seis semanas a doença deixará de ser considerada endêmica no país, abrindo caminho para sua erradicação total no mundo.
A afirmação foi feita nesta quinta-feira por especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que se mostraram "consideravelmente otimistas" pela possibilidade de acabar com essa doença.
"Já podemos dizer que não é uma ilusão erradicar a pólio no mundo", disse em entrevista coletiva Sona Bari, relações externas da Iniciativa Mundial para a Erradicação da Pólio da OMS.
"Agora sabemos que isso pode ser alcançado biologicamente. Não temos dúvidas de que podemos conseguir porque sabemos como fazer", acrescentou Chris Wolff, responsável da OMS sobre a pólio na Índia.
Ambos os especialistas foram cautelosos e não indicaram quando a erradicação poderia ocorrer, já que ainda há três países onde a pólio é endêmica: o Paquistão, o Afeganistão e a Nigéria.
O último caso detectado foi o de uma menina de dois anos que foi infectada em 13 de janeiro de 2011. Desde então, não houve nenhuma outra pessoa que tenha ficado paralítica pela poliomielite, o que leva os responsáveis da OMS a considerarem que o vírus autóctone tenha desaparecido.
O vírus da pólio na Índia se concentrava em dois Estados, Uttar Pradesh e Bihar, ambos muito pobres e com sistemas de saúde muito precários, uma população enorme e migrante, o que impedia a aplicação de programas de vacinação bem-sucedidos.
"A determinação e o compromisso do Governo, um programa de informação e um investimento considerável alcançaram algo inimaginável há alguns anos", confessou Sona.
A importância da erradicação dessa doença na Índia é enorme, já que até o momento era considerada o epicentro mundial da poliomielite: não apenas infectava a população, mas também era fonte de casos detectados em países como Angola, Congo e Rússia.
Uma pessoa contraía o vírus na Índia e, desenvolvia ou não a doença, viajava para outro país e infectava terceiros, que por sua vez o espalhavam por uma região de baixa vacinação.
O controle na Índia permitirá a expansão mundial da doença. No entanto, o vírus continua se espalhando, e nos últimos anos foram detectados focos na China provenientes do Paquistão (a China não apresentava casos de pólio desde 1999), e da Nigéria viajou para vários países da África Ocidental e África Central.
"O Paquistão e a Nigéria estão à beira de um abismo. A situação nesses países é de extrema emergência e a realidade política não vai ajudar", considerou Sona.
Desde que foi criada em 1988 a Iniciativa Mundial pela Erradicação da Pólio da OMS, a incidência dessa doença diminuiu em 99%.
A erradicação da pólio requer uma economia entre US$ 40 e US$ 50 bilhões.
Fonte Estadão
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