Neuropeptídeo pode ser liberado em situações de estresse psicológico, dando origem a doenças crônicas
Uma pesquisa desenvolvida pelo grupo de Cristina Bonorino — coordenadora do Laboratório de Imunologia Celular e Molecular do Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) e do Laboratório de Imunologia do Estresse da Faculdade de Biociências da PUCRS — revelou que o neuropeptídeo Peptídeo Liberador de Gastrina (GRP), uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios, influencia na migração de células responsáveis pela inflamação, os neutrófilos.
A descoberta do envolvimento do GRP e de seu receptor (GRPR) no desencadeamento de um processo inflamatório evidencia a interação entre o sistema nervoso e o sistema imunológico. Em situações de estresse psicológico, o neuropeptídeo pode ser liberado pelos neurônios e dar origem a doenças crônicas, como artrite e asma.
Sabe-se que o líquido sinovial (lubrificante das articulações) tem altos níveis de neutrófilos em pacientes com artrite reumatoide, o que pode estar relacionado à agudização da doença. Neste estudo, foi revelado que no líquido sinovial dos pacientes de artrite também há uma superprodução de GRP, o que poderia explicar essa infiltração de células inflamatórias e portanto acirrar o quadro da doença. Isso pode ocorrer em outras doenças, como asma, pois há altos níveis de GRP também no pulmão de asmáticos, e a infiltração por neutrófilos também acirra os sintomas. Finalmente, como tumores também expressam esse receptor GRPR, pode ser que ele seja importante para o tumor migrar para outros locais do corpo, processo conhecido como metástase.
Foram realizados testes com camundongos, neutrófilos de sangue humano de doadores saudáveis e líquido sinovial de pacientes do ambulatório de Reumatologia do Hospital São Lucas.
Financiada por edital do CNPq de 2008, a pesquisa foi premiada no 36º Congresso da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) como o melhor trabalho de mestrado, além de ter sido publicada na renomada revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS).
Intitulada GRPR is a Chemotactic Receptor for Neutrophils, a pesquisa foi realizada entre os anos de 2009 e 2011 e é de autoria de Rafael Sanguinetti Czepielewski e de Bárbara Nery Porto, estudantes da PUCRS. Colaboraram os médicos Gilberto Schwartzmann, Rafael Roesler e Fernando Cunha.
Fonte Zero Hora
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