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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vacina para macacos traz esperança no combate à Aids

Exemplares de macacos rhesus, a espécie utilizada no estudo: vacina conseguiu evitar a transmissão do SIV e frear sua replicação no organismo (Oregon Health & Science/AP)
Exemplares de macacos rhesus, a espécie utilizada no estudo:
vacina conseguiu evitar a transmissão do SIV e frear sua replicação no organismo

Pesquisadores conseguem desenvolver forma de imunização eficaz contra o SIV, vírus semelhante ao HIV que afeta os símios

Controlar o HIV, vírus que causa a Aids e atinge hoje 34 milhões de pessoas em todo o mundo, não é uma tarefa fácil. Desde 1981, a doença causou 30 milhões de mortes, e uma cura ainda parece distante. Por isso, cada passo dado na luta contra o mal é comemorado pela comunidade científica. Um novo avanço está publicado na edição de hoje da revista científica Nature. Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, produziram uma vacina com o poder de diminuir em até 80% a chance de os macacos rhesus — espécie biologicamente próxima dos seres humanos — adquirirem o vírus da imunodeficiencia símia (SIV), espécie de versão do HIV dos macacos.

A combinação de doses de MVA, Ad26 e Ad35, três tipos de vacina que isoladamente ainda não conseguem um índice de eficácia suficiente para o uso massivo, resultou em uma forma mais eficaz de ataque ao vírus. Além de evitar a transmissão para animais saudáveis em uma grande quantidade de casos, a imunização conseguiu diminuir o nível de infecção, ou seja, controlar a quantidade de SIV circulando no sangue.

Segundo os autores do estudo, o sucesso da combinação das três vacinas se deve ao fato de ela atingir a superfície proteica do vírus, justamente um dos maiores entraves para as pesquisas com vacinas voltadas para combater o HIV nos seres humanos. As drogas testadas até agora não conseguiram penetrar essa capa e chegar ao interior do vírus da Aids. Já no estudo com os símios, a proteína foi quebrada e os animais tiveram um alto índice de controle e imunização da doença. “Esse novo estudo imunológico cria requisitos a serem cumpridos para bloquear o estabelecimento da infecção”, explicou ao Correio Dan Barouch, líder do estudo. “Trata-se de uma nova estratégia em relação ao tradicional controle da replicação viral após a infecção”, completou.

Essa nova estratégia incluirá uma série de medidas para conseguir bloquear o desenvolvimento do HIV. “Os resultados mostram que os anticorpos para ENV, a proteína envelope que compõe o revestimento exterior do HIV, e a proteção contra a aquisição do vírus apresentam respostas diretamente relacionadas”, disse Michael Nelson, diretor do Programa de Pesquisa Militar em HIV, dos EUA. “Assim, esses distintos processos imunológicos estão ligados ao controle dos vírus em um processo diferente do bloqueio da replicação do vírus”, acrescentou.

Na prática, os pesquisadores encontraram uma nova maneira de atacar o vírus. Enquanto a maioria das iniciativas tenta bloquear sua reprodução quando o paciente é infectado, os estudos liderados por Barouch tentam encontrar uma forma de matar o micro-organismo quando ele está na corrente sanguínea. A estratégia auxilia tanto no bloqueio da infecção quanto na diminuição de seu desenvolvimento. “Esse estudo nos permitiu avaliar a eficácia protetora de várias combinações da vacina, e esses dados vão ajudar a orientar o avanço dos candidatos mais promissores em ensaios clínicos”, conta o especialista de Harvard.

Semelhança
O SIV é bastante parecido com o HIV, tanto que, para os cientistas, o primeiro originou o segundo, ao ser transmitido para os homens. A rota mais provável de transmissão do HIV-1 para os seres humanos envolve contato com o sangue de chimpanzés, frequentemente caçados na África. Assim, na tentativa de entender o vírus da Aids humana, um caminho importante foi estudar os seus vírus originários.

Ao contrário do que ocorre com as pessoas que contraem o HIV, a maioria das infecções por SIV não são prejudiciais aos símios. Estudos com mangabeis, uma espécie de mandril que habita as florestas do Congo, mostrou que o patógeno não causa mal aos bichos. A hipótese mais provável é que, ao longo de milhares de anos, os pequenos macacos tenham desenvolvido resistência à Aids símia. Uma das exceções são os rhesus, que desenvolvem a doença.

Para Carl Dieffenbach, diretor da Divisão de Aids do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, a pesquisa abre um novo universo de estudos sobre a Aids e o HIV. “Esse estudo é importante porque possibilitou ao sistema imunológico proteger contra o vírus e controlar sua replicação”, disse ao Correio. “Isso certamente terá implicações importantes para a próxima rodada de testes clínicos de vacinas contra HIV”, acrescentou o norte-americano.

Infecção antiga
Também conhecido como vírus do Macaco Verde Africano, o SIV é um retrovírus capaz de infectar pelo menos 33 espécies de primatas. Com base na análise de cepas encontradas em quatro espécies de macacos da ilha de Bioko, concluiu-se que a SIV está presente em macacos há pelo menos 32 mil anos.

Fonte Correio Braziliense

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