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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Surto de superbactéria leva a cancelamento de cirurgias no Hospital Celso Ramos

Medida seria preventiva e não haveria motivo para pânico


O Hospital Celso Ramos, o maior de Florianópolis, está enfrentando, desde janeiro, a superbactéria resistente a antibióticos, a KPC, num caso que chegou a ser classificado como um surto da doença. Agora, a situação é considerada controlada pela Coordenadoria Estadual de Combate a Infecção. A afirmação é feita com base em exames em todos os pacientes da unidade de saúde e o não surgimento de contaminações desde quinta-feira da semana passada.

Até o momento, a superbactéria foi encontrada no organismo de 11 pessoas. Em cinco pacientes, a doença se manifestou. No restante houve a chamada colonização, quando o KPC está no corpo, mas o indivíduo não se encontra infectado. O conceito de surto é para quando dois ou mais casos de um agente não comum no hospital são confirmados. Existe uma tabela com as datas de manifestação da infecção, mas o material é de uso exclusivo dos técnicos, declara a coordenadora estadual de Combate a Infecções, Ida Zoz.

Na tentativa de conter o avanço da superbactéria, foi decretado o cancelamento das cirurgias eletivas e a redução no número de visitas. A primeira medida, tomada na última sexta-feira, ocorreu porque a maioria das pessoas contaminadas passou pelo centro cirúrgico, explica Fábio de Faria, médico infectologista da Vigilância Epidemiológica, que ajuda no controle da situação do Celso Ramos.

As salas vão passar por uma desinfecção e as operações de casos graves que chegarem ao hospital serão realizadas no centro cirúrgico da emergência. O ambiente onde foram feitas as cirurgias é o foco do problema, confirma o diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde), Wallace Fernando Cordeiro.

A restrição às visitas existe para evitar que a superbactéria se espalhe. O médico infectologista explica que ao tocar em doentes com KPC, ou mesmo na cama, coberta, talher ou copo deles, a mão se contamina. Caso não seja lavada e a pessoa tocar a boca, a superbactéria entra no organismo e se instala no intestino, colonizando a pessoa. Se este indivíduo sofrer um acidente que exija cirugia, a infecção pode se manifestar. O período de risco não é conhecido porque não se sabe o período em que a superbactéria fica no corpo. Ele varia de acordo com a imunidade e a flora intestinal de cada pessoa.

A coordenadora estadual de Combate a Infecções conta que há três semanas são feitos exames em pessoas internadas. Na primeira, foram limitados aos de áreas sensíveis, como Unidade de Terapia Intensiva e semi-intensiva. Em seguida, foram estendidas para o restante do hospital. Toda a força médica está mobilizada. Ela disse que toda a semana é feita uma reunião para avaliação das medidas. Além disso, foi intensificado o treinamento de funcionários e a higienização da unidade de saúde.

O diretor do Sindsaúde atribui a situação a consequências da terceirização do serviço de limpeza. Wallace conta que os funcionários não têm o conhecimento necessário para trabalhar numa área sensível como a saúde. Acrescenta que o número de trabalhadores é pequeno e a área que precisam cuidar é maior que antes da terceirização, sendo responsáveis pela higiene de laboratórios e centros cirúrgicos, mais o restante do andar.

A notícia de uma superbactéria preocupa que têm familiares ou amigos no Celso Ramos. E há motivos. Fábio revelou que em casos de pessoas infectadas o índice de mortalidade é de 50%. O tratamento é feito com uma combinação de antibióticos, mas nem sempre a alternativa dá resultado.

Seis continuam internados com a bactéria no Hospital Celso Ramos
Mesmo com o alto índice de mortalidade que a superbactéria provoca, matando metade das pessoas em que a doença se manifesta, os especialistas afirmam que não existem motivos para pânico. O principal argumento da coordenadora estadual de Combate a Infecção, Ida Zoz, é que testes não detectaram novos casos e o surto está controlado.

Mesmo assim, ainda há seis casos no Celso Ramos. Estas pessoas estão numa local chamado de precaução de contato, conhecido antes como área de isolamento. Eles são atendidos por um corpo técnico especializado e todo o tratamento segue normas internacionais. Apesar da melhora na situação, a coordenadora estadual de Combate a Infecção declarou que não há prazo para o estado de alerta ser retirado.

Ela explica que o surgimento da superbactéria é consequência do uso excessivo de antibióticos. Os pacientes crônicos e pessoas submetidas a grandes cirurgias estão sujeitos porque tomam diversos remédios. Isto gera um mecanismo de pressão seletiva e a bactéria adquire resistência. Como estas pessoas são sujeitas a várias intervenções o KPC, que se aloja no intestino, vai para outras partes do corpo.

O mais comum são infecções no aparelho urinário, por causa de sondas. Outra origem para a doença é a automedicação, que desencadeia o mesmo mecanismo. Por causa disso desde dezembro de 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece o o controle rigoroso de antibióticos. A partir desta data compra deste tipo de medicamento ficou muito mais controlada.

Outra medida para conter a disseminação da superbactéria foi a proibição da esterilização de instrumentos cirúrgicos por submersão. O método era bastante empregado no meio hospitalar brasileiro, mas causava riscos aos pacientes. Há ainda mais um problema para a KPC. O organismo é pouco conhecido e isto dificulta o diagnóstico durante os exames. Se houver tratamento inadequado do paciente o risco de morte da pessoa infectada aumenta porque a duplicação da bactéria é bastante rápida. O número de organismos pode dobrar a cada 20 minutos.

Mas a Secretaria de Saúde informou que é raro o KPC ser a causa da morte. Na maioria dos casos, ela se manifesta em pacientes que já estão bastante debilitados por causa de outras doenças. Conforme o explicado, a baixa imunidade e a medicação com antibióticos permite a manifestação da superbactéria. Mas a infecção acelera o processo de morte, sem ser considerado a causa.

Fonte Zero Hora

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