Por Stephen Stefani
Recentemente, a revista médica New England Journal of Medicine deu destaque a dois assuntos. O primeiro foi o papel da colonoscopia (exame endoscópico que avalia lesões no intestino grosso) em reduzir a chance do indivíduo morrer de câncer. Foram apresentados estudos que sustentam a recomendação sistemática do exame em adultos, mesmo sem sintomas.
O outro assunto foi o estudo com uma nova droga, chamada vemurafenib, usada no tratamento paliativo do melanoma (câncer de pele de alta malignidade). O medicamento, especificamente usado em um subgrupo de pacientes com uma mutação genética específica, reduziu o câncer em 50% dos casos, com resposta que durou aproximadamente 6 meses.
Um primeiro olhar anuncia, portanto, duas boas notícias. Um exame e um medicamento com resultados positivos. O fato real, entretanto, é que temos orçamento finito e, portanto, precisamos definir critérios racionais para incorporações em saúde. Podemos adotar critérios de guerra: tratar primeiro que tem mais chance de sucesso. Ou equipes de resgate: tratar inicialmente os mais graves. O que não parecer adequado é usar o critério vigente: quem chegar primeiro.
Uma forma de tentar resolver este dilema é com métodos científicos que tentam definir quanto se gasta (e se deixa de gastar) para cada ano de vida adicionado corrigido para qualidade de vida. Se o valor é menor que determinado patamar, chamamos de custo efetivo. Se o valor ultrapassa este patamar, pode até ser tecnicamente correto, mas não chamamos de custo-efetivo.
Ainda com várias incertezas, algumas de caráter prático e outras por características intrínsecas dos métodos adotados, a implantação já esbarra na escassez de treinamento formal neste tema nas instituições de ensino na área de saúde. Cabe mencionar, a propósito, que todos os países que já definiram seus critérios, trouxeram este debate para população. Qual este patamar? A decisão deve ser da população e seus representantes.
Fonte SaudeWeb
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