Sei que o título acima pode incomodar um pouco e talvez seja visto como agressivo por alguns. Entretanto, a proposta deste artigo não é a de agredir, mas a de chamar atenção para um ponto muito importante e que perpassa nosso setor: a falta de preparo emocional que muitas pessoas têm ao lidar com determinadas situações e com os sentimentos, escolhas e comportamentos decorrentes dela. Esta falta não é exclusividade da área de saúde, mas ela tem um impacto enorme neste setor pela delicada relação que se estabelece com o paciente e todas as conseqüências decorrentes desta relação. E é fundamental percebermos esta situação e darmos a constante e devida atenção para revertermos esta falta.
Um exemplo radical (e obviamente não comum), mas que mostra onde isso pode levar quando “vamos” a extremos é o fato bastante veiculado nesta semana pela mídia de um funcionário de um conhecido hospital de São Paulo que, segundo relatos, deu um soco em um paciente após uma discussão com o mesmo. Devido a esta agressão, o paciente caiu na rampa do hospital e teve traumatismo craniano, vindo a falecer no dia seguinte.
O hospital esclareceu que o funcionário, que é porteiro da instituição, não estava a serviço naquele momento, e sim na condição de paciente para fazer exames. Não é minha intenção entrar na discussão deste ponto, mas apontar o fato que aconteceu e perguntar: o que podemos aprender com isso?
Para respondermos precisamos analisar suas prováveis causas. Um entendimento inicial (que é uma hipótese bastante forte, fruto de 20 anos de trabalho nesta área, mas que para ter certeza neste caso específico exigiria um levantamento mais profundo) é que, entre outros fatores, faltou preparo das pessoas envolvidas para lidar com esta situação, incluindo provavelmente a equipe de atendentes, o porteiro, os segurançasem serviço etc. Entendoque esta falta de preparo está diretamente relacionada com a ausência de inteligência emocional. E, antes de continuar, quero reafirmar que minha intenção não é a de acusar o hospital em questão, mas sim mostrar um ponto que pode evitar que esta situação e muitas outras possam se repetir em outros locais e ambientes se as causas não forem trabalhadas.
Mas o que é inteligência emocional? Se formos definir o que vem a ser inteligência podemos dizer que está relacionada com a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, aprender e fazer escolhas lógicas. A inteligência emocional é uma capacidade de lidar com as emoções e sentimentos e ser capaz de escolher de forma positiva. De forma bem simplificada, temos muitos aspectos emocionais que direcionam os nossos comportamentos, principalmente por não estarmos totalmente conscientes deles, levando a escolhas que muitas vezes nos prejudicam e as nossas empresas. É comum projetarmos sentimentos e emoções (principalmente os negativos) nas outras pessoas eem determinadas situações. Na área de saúde também temos muitas situações que nos remetem a sentimentos relacionados com o medo da morte, direta ou indiretamente, o que influencia os nossos comportamentos.
Na prática, a falta de conhecimento, atenção e presença (que podem ser adquiridas com treinamentos específicos e contínuos) faz com que não consigamos perceber este mecanismo e isso nos conduz a agirmos (termos uma escolha de comportamento) de forma normalmente agressiva e/ou passiva, sendo ambas destrutivas para a pessoa e para a organização. Para reverter esse quadro precisamos primeiro dar a devida importância ao diagnóstico do problema, reconhecendo suas causas e conseqüências, e fazermos um plano de tratamento com total adesão, sabendo que esta é uma doença quase sempre crônica. Esse é o melhor remédio para evitarmos ou, no mínimo, diminuirmos problemas como a violência, a falta de cuidado e atenção com os pacientes, com os membros das equipes, com os equipamentos, com as regras, com o negócio em si e com nós mesmo. E você, já pensou em tomar e dar para a sua equipe uma pílula de inteligência emocional?
Fonte SaudeWeb
Nenhum comentário:
Postar um comentário