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segunda-feira, 12 de março de 2012

Esterilização pode ser feita sem internação ou anestesia

Método essure de microimplantes é um dos mais modernos do mercado

Por Barbara Murayama

Estive em Barcelona, na Espanha, para o Congresso Europeu de Endoscopia Ginecológica. Lá participei de um curso na Universidade de Córdoba, para aperfeiçoamento da técnica de colocação do dispositivo em forma de "molinha", que é inserido dentro de cada uma das tubas por histeroscopia (através da vagina), para esterilização definitiva - uma alternativa excelente para a laqueadura, já que não requer nenhum corte, nem mesmo anestesia ou internação.

Infelizmente, aqui no Brasil, este dispositivo ainda tem um custo alto, mas ainda assim é uma excelente opção para quem já está com a família completa.

Lá na Espanha e em outros países da Europa, o microimplante já é mais utilizado que a laqueadura, até porque, em boa parte dos países, já está disponível na rede pública.

Só para se ter ideia, em Portugal, de 2006 para cá, 2.800 mulheres já se submeteram à esterilização definitiva por esse método. Para realizar a colocação desse dispositivo é preciso, em primeiro lugar, ser médico ginecologista com especialização em histeroscopia.

E também ter realizado um treinamento específico. Já havia feito treinamento em simuladores, no Brasil, e fui convidada a conhecer o serviço espanhol, acompanhando a rotina junto ao professor doutor Arjona e sua equipe, da Universidade de Córdoba, no sul da Espanha, onde participei ativamente do processo.

Método não requer internação ou anestesia
Essa experiência foi importante não só para ter contato com profissionais de altíssimo gabarito internacional, mas, também, para ver como a população espanhola é beneficiada pela colocação desse dispositivo em ambiente ambulatorial, que não requer internação nem tampouco anestesia.

Diferentemente do Brasil, lá não há lei que regulamente a esterilização definitiva. Por isso, todas as mulheres que desejam a esterilização definitiva passam por um processo de seleção em que, durante palestras e reuniões, são apresentadas a todos os métodos anticoncepcionais disponíveis no país - do preservativo até esse par de "molinhas" que é colocado dentro das tubas.

Após essa seleção, as que optam pelo método são encaminhadas para o ambulatório específico. Nos dias que passei lá, em uma única manhã, puderam ser colocados até 11 dispositivos.

Ou seja, o procedimento é muito rápido e prático. Essas mulheres irão retornar em três meses, tendo feito uma radiografia simples da pelve, para certificação de que os dispositivos estão no local correto.

Neste período de três meses, elas devem permanecer utilizando um método anticoncepcional complementar (preservativo, por exemplo).

E, depois de o raio X ser avaliado, estarão liberadas em definitivo, podendo manter relações sexuais sem proteção - do ponto de vista de risco de gestação, obviamente.

Lembrando sempre que as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) só podem ser prevenidas com o uso de preservativo. Vale ressaltar que o método dos microimplantes é irreversível, sendo um dos métodos contraceptivos permanentes mais modernos disponíveis no mercado.

Quando inseridas nas trompas, as "molinhas" de titânio se estendem, bloqueando-as através de uma fibrose que se desenvolve ao redor delas. Essa cicatrização vai impedir que os espermatozóides cheguem ao óvulo.

Prática mais utilizada no Brasil é laqueadura tubárea
No Brasil, a principal técnica utilizada para a esterilização definitiva é a laqueadura tubárea por suas diversas vias, como a laparotomia (cirurgia aberta) e a laparoscopia (cirurgia por vídeo).

A laqueadura tubárea exige, invariavelmente, internação hospitalar de pelo menos um dia, anestesia (e presença de médico anestesista), além de dois médicos ginecologistas, no mínimo, e uma equipe de enfermagem. Aqui, a colocação das "molinhas" está disponível apenas na rede particular, e a preços "salgados".

A introdução dos microimplantes pode ser realizada em ambiente ambulatorial, não requer anestesia nem tampouco internação, na maioria dos casos - ou seja, a mulher pode, muitas vezes, voltar às suas atividades cotidianas no mesmo dia -, e é realizada por apenas um médico, com o auxílio de uma funcionária da enfermagem. É necessário apenas que o serviço médico disponha da aparelhagem para a realização de histeroscopia ambulatorial.

Na minha opinião, o planejamento familiar no Brasil é um assunto de importância prioritária e deve ser discutido levando-se em consideração não apenas o fácil acesso ao método e sua segurança, mas, principalmente, o bem-estar físico e social da mulher e de seus familiares.

Fonte Minha Vida

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